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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Chuva?!

 
A verdade é que gosto bem mais da chuva e do fresco, que do sol e do calor...
Aborrece-me o ar quente das minhas paragens, sejam elas quais forem...

Não gosto da histeria que dos peitos salta, 
dos estampados de bronze e dos mergulhos nos amores de verão... 
Que fazer?
Fazem-me confusão!

Cansa-me a beleza, aumenta-me a tristeza,
não sei se por despeito, se por não ter a destreza,
de dar ao mundo o que o mundo procura,
peso em cima da realeza,
chegar rápido e dar de frosques,
com leveza... 
como brisa que refresca, mas que nunca chega,
para abafar a comichão cega,
de todo um ano de falta,
de presença...

Invejo-os... invejo-as...
afinal de contas, conseguem com simplicidade,
obter o que muitas vezes procuro...
um colo doce,
não interessa se mole, se duro,
se ainda pouco vivido, se já muito maduro...

Um colo novo, uma  aventura,
frenesim na troca,
sem qualquer pergunta...

Mas por que raio,
haveria eu de gostar,
da chuva?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Aconteceu um dia.


Estava estranha aquela manhã. Começava um dos poucos dias em que podia garantir onde estaria ao final da tarde. O tempo não passava e ao mesmo tempo voava... sensação estranha!
Tenho muitas vezes a ideia de que dou uma importância excessiva a pequenos pormenores que, na verdade, não fazem diferença. Mas este dia não. Este dia tinha a certeza que seria daqueles que me iriam marcar para sempre... e quando digo para sempre, digo mesmo para sempre. Vá para onde for a minha vida, este dia já ninguém me roubará... muito menos a minha memória que não se lembra já de tantos outros dias da minha vida.

Estava ansioso e fiquei sem almoçar... passou a hora como tantas vezes. De repente, às duas horas da tarde, percebi que não podia fazer como nos outros dias. Sabia que a fraqueza se iria apoderar das minhas pernas e tenho a certeza que cairia para o lado. 
Corro para casa e vou rindo porque nos momentos mais marcantes da minha vida guardei tudo para o fim... talvez por isso tenha sido, mais uma vez assim.

Descasco batatas, corto-as aos cubos e retiro aqueles rissóis (ao tempo) congelados no fundo do congelador. Enquanto frita agarro-me ao estendal que esvoaça lá fora (nitidamente cansado de dois dias a esvoaçar) e escolho umas das roupas que eu tenho... Ligo o ferro e passo rapidamente as calças e o pólo... deixo ficar e volto para as batatas e para os rissóis.
Homem solitário que se preze anda pela casa como anda... nu entre o estendal e o fogão... no quarto só mesmo para dormir.

Sento-me e como. O meu coração está aos saltos... raios parta o coração que nem me deixa comer descansado. Lavo a louça. Gosto de lavar a minha louça. Deixa as minhas unhas mais brancas... fumo o meu cigarro que, por contra balanço, deixa os dedos mais amarelos.
16:40 marca o relógio. Quando me vou vestir percebo que, quando passadas apenas do avesso, as calças ficam com os vincos ao contrário. Que chatice!

Navego pela estrada que leva à casa do Senhor... perco-me de propósito. Afinal de contas, estava a sentir-me tão pequenino que achei que o caminho não podia ser tão curto. Espero e espero mais um pouco... e mais um pouco...
A ansiedade é um sentimento muito curioso. Faz-nos andar de um lado para o outro. Não nos deixa ficar parados. Olho para os vincos de novo e ando, olho para o reflexo e continuo, fecho os olhos e abro constantemente por estar mudo, sem ninguém para dizer o que estou a sentir. Aquele andar em volta ajuda-me a relaxar e a manter-me discreto... seja lá o que penso que é ser discreto!

Finalmente!
Os momentos depois da ansiedade da espera são sempre tão curtos que parece que apanhamos boleia num avião sem que ele tenha sequer parado para nos apanhar. Parece mesmo um avião porque olhamos para fora evitando os olhares e o mundo parece agitado, corrido lá fora... Lá dentro encontro a Luz, uma Flor e a Senhora. Não sei se estranham o embaraço na minha presença... curiosamente, eu não estranho a minha própria presença, apenas embaraço...

O portão que se abre por baixo da casa das rendas enquanto os meus olhos vêem o que já tinha visto um dia, faz um chiar levezinho que me intimida. Parece-me uma daquelas viagens assustadoras ao desconhecido da minha adolescência, mas com a diferença, que nessa altura, os barulhos não existiam durante o dia...
Reconheço esta passagem. Entro e os meus olhos buscam todos os detalhes que eu julgo poder memorizar, reter... chamo a este exercício frequente (ultimamente) "o fotografar da alma". Ando por lá tentando adivinhar o acrescentar dos dias passados, aqueles onde as figuras da minha imaginação vivem e se comportam como pessoas normais... que sei que não são. Não são nem nunca serão pessoas normais... como podem ser normais se tudo indica que são especiais?!
Ando espantado é certo... mas não deslumbrado! Espantado. Como um espantalho que abana com o vento, enquanto aproveita para decorar o perto e o longe, o nítido e o menos iluminado... mas na mesma agarrado enquanto pisa eternamente, com apenas um pé, aquele chão. O mesmo chão de sempre.
Gosto disto de me sentir deslumbrado. Faz-me sentir criança no tempo do impossível que afinal, quando alcançável, produzia aquela cara de espanto... Sinto-me deslumbrado pelas linhas cruzadas das minhas mãos que nunca me disseram mais do que aquilo que eu já vivi até hoje, sem me avisar dos espantos de amanhã...
É tão linda a senhora à minha direita... e continua tão bonita à minha esquerda quando me dá o prazer da confidência, que ora é de alegria, ora de tristeza, pois o seu mundo, aquele que sonhou para si tenho agora a certeza, trouxe também tanta indelicadeza...

São sorrisos felizes aqueles que eu faço. É um tocar de orgulho o substituto do meu abraço, é sorriso catita aquele quando o choro ela evita, e é tão grande o meu orgulho, que da minha vida retira por momentos qualquer infortúnio, por ser nesse momento merecedor, de um pequeno desabafo... e tudo naquele espaço, que é tão reservado: a sua vida!
Mas que tempo rápido este que voa...

Não noto o observar, pois eu próprio estou concentrado nas paredes dos meus sonhos... não noto o acreditar ou o gostar ou desgostar... mas sinto-me bem, sem me questionar o quanto bem, sequer! 
Sou um afortunado, um privilegiado, um menino feliz por existir, por ter oportunidade de sentir a vaidade muda, aquela que não se conta, não se mostra, por estar aqui, numa inimaginada permuta..

Não tardou e o tempo do regresso me obrigou a regressar onde agora estou...
Antes, a despedida que eu já não queria e ficaria ali mais um ou outro dia...ou ainda outro... pois eu queria... mas que paz e alegria que senti naquele dia.

Em todo o lado, dizem, existe a mãe de um senhor... a mãe de alguém que foi ou será um senhor... mas nunca nenhuma mãe me tinha dito "obrigado por ser amigo do meu filho", sem nunca o ter, verdadeiramente, conhecido!

E isto eu juro a mim próprio, aconteceu um dia.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Carroça sem boi...


...a minha cara, está mesmo na cara. A minha letra... o meu texto... a minha música... tudo se vai, tudo se foi, tudo será arrumado, emaranhado, abandonado... a minha história, a minha glória, a minha capa, o meu cachecol... a minha luz, a minha nuvem, a minha borbulha,  o meu anzol... o rio largo, de pedras ao sol, secou agora, o girassol... a minha mente, à minha frente, lamenta as costas de toda a gente... o meu orgulho, o meu entulho, o meu farnel,  abelha perdida, garganta sem mel... a minha curva, o meu dedal, agulha sem linha que nada vale, o meu olhar, o meu castelo, vai desabar, marmelada amarga sem marmelo nem marmelal... o meu desfeito, o meu imperfeito, o meu respirar, fora do peito... o meu fugir, o meu quintal, chuva intensa, um pantanal... o riso turvo, o choro mudo, o amar que mordo, nos lábios mar... tudo se vai, tudo se foi, tudo será arrumado, emaranhado, abandonado... tudo será carroça vazia, pousada, perdida... tudo é, tudo foi...tudo será carroça...carroça sem boi...

(22  de Setembro de 2010)

domingo, 21 de agosto de 2011

Acho eu...

Acho eu que foi anteontem... 3 de Agosto. Acho eu...
Passei por ti na calçada depois da missa. Comentavas que esta ou aquela tinha sido má para ti e logo naquela semana, em que tinhas ido parar a uma cama de hospital, por causa das tuas dores de cabeça... Não prestei grande atenção... Afinal de contas, nós crianças não queremos muito saber das coisas dos adultos...
Acho eu que te disse que ia nadar e que disseste para ter cuidado.
Foi uma tarde boa de mergulhos naquele tanque de águas esverdeadas... Ficou tão pequeno aquele tanque com o passar do tempo...
Acho eu que cheguei a casa e na vaidade dos onze anos, estava a tentar fazer aquele risco ao meio ridículo, depois de com a lâmina do avô, ter rapado uns pêlos louros da cara... Achava eu que ficava mais bonito sem eles...

Acho eu que te ouvi cair inanimada, que ouvi os gritos do pequenino a pedir ajuda... Acho eu que pensei que o que faziam para te acordar, nunca iria resultar, de tão estranho que era...

Acho eu que não percebi o que aconteceu...

Acho eu, que amanhã fazes anos... Ou será depois de depois de amanhã?
Desculpa-me! Nunca fui bom com datas... Talvez porque depois de ti deixaram de existir datas... deixaram de me fazer feio os pêlos na cara...

Não me dei conta da tua falta, não me dei conta da tua falta em mim...
Não te vi ficar pequenina com o passar do tempo, não te vi envelhecer como me vi crescer...
Aliás... Nunca mais te vi... Sentes a minha falta?

Hoje eu sinto a tua falta...
Sinto a falta de um dia...
De um qualquer dia,
antes dessa data...

Acho eu...

5 de Agosto de 2010

sábado, 20 de agosto de 2011

São Caravelas!

Às vezes temos medo de assumir o que sentimos. Não sei se pelo receio do erro, do mau juízo aos outros, ou do mau juízo dos outros a nós próprios. Muitas vezes sabemos. Sabemos e nada dizemos. Sentimos... e depois descobrimos, que nada fizemos!
Outras erramos. E erramos muitas vezes em silêncio mas felizes por nada termos feito.
 
É uma relação difícil esta que temos entre a razão, o conhecimento, o estudo e a intuição.

No saldo que faço dos meus dias, percebo que prefiro o erro, o mau juízo dos outros, o penitenciar do meu mau juízo aos outros, a nada dizer e depois pensar que devia ter dito.
 
(...)

Com toda a honestidade digo que prefiro amanhã o mau juízo que me fizerem.

Mas com a mesma honestidade e sinceridade, tenho a certeza que, se não estou certo, também não estou errado... pelo menos neste caso!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

"Estreiteza de vistas!"


Eu, Anónimo, a ser sodomizado pelo governo, pelo menos deixarei no ar os ecos da minha indignação. Calar-me, fazer de conta que não é comigo ou achar que é normal não é para mim. Nesta situação, pouco me importa que me achem chato, aborrecido, implicativo, obsessivo ou Socratino...

Não farei parte daquela parte da população que gosta do engano, do esgano, do engate... enfardar e calar não é comigo. Lamento o chinfrim que faço. Não aqui, porque é raro, mas no meu dia a dia, no facebook, em todo o lado...

Quem acha que isto é apenas PSD e PS está enganado. Isto é uma mudança política que vai deixar marcas durante muitos anos. Algumas das medidas foram tomadas na Argentina na década de 80 (vá-se lá imaginar verdadeiramente o retrocesso).
Quem cala consente. E aqueles que tanto berreiro fizeram, que carregaram as bandeiras da indignação para salvar os 40 000 professores no topo da carreira, da avaliação de desempenho (ironias?), devem transformar o sentimento de burrice, em voz de revolta.
"Estreiteza de vistas!"


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

As pessoas


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Detesto pessoas oferecidas. Sim, oferecidas! Daquelas que parece que a cada sorriso, a cada palavra, a cada virar de esquina transmitem aquele ar de "todos me querem". Aquelas que em qualquer assunto conseguem colocar uma segunda interpretação, uma segunda intenção... aquelas que confundem sedução com vulgaridade disfarçada num "não sei não..."
Existem de facto pessoas muito oferecidas. São oferecidas mesmo e não só de conversa. Gostam de manipular as mentes e também o resto... Mais tarde ou mais cedo, caem no ridículo que quanto mais se oferecem, menos valem! O que é normal.
Depois existem aquelas (pessoas) que apenas são oferecidas nas conversas, nos comentários, nos sorrisos e olhares. E, no fundo, nas relações que levam na vida, são bastante criteriosas até (quem diria?), nada reboludas e pinchadonas... e estas então, fazem-me até febre, talvez por não conseguir entender o objectivo.
E eu tento! Juro que tento. O que levará alguém que não é oferecido, a fazer comentários oferecidos? Ou que parecem oferecidos? Ou que, na melhor das hipóteses, podem ser entendidos por oferecidos? E não só comentários... é toda uma atitude. Daquelas situações que os visados (e os outros que por qualquer razão estão presentes) ficam sem saber o que dizer? E quando assim é, um sorriso amarelo, um gosto clicado muito rápido, ou um ignorar em esforço por não se ter coragem de se ser brejeiro, acaba por ser o destino da conversa ou situação, em que fica aquele silêncio, como se no ar pairasse aquela última imagem incrédula de "Como?"... à qual se segue aquele pensamento que não abona em nada para a história da pessoa (que parece) oferecida...

Mas que raio... se não são oferecidas (as pessoas) por que razão querem tanto parecer oferecidas? Qual é o gozo? Qual o objectivo?
E depois, se alguém se destrava e diz o que pensa, lançam logo aquela coisa de que somos nós (os outros) que pensamos isto ou aquilo e que estamos a denegrir a verdade pura da oferecida (pessoa) injustiçada...


Vamos fazer assim: se são oferecidas (as pessoas) então tudo bem! Cada um oferece o que tem. Mas se não são oferecidas (as pessoas), por favor, parem com essa merda dessa mania de se fazerem passar por promiscuas que lançam em qualquer tema o sobranceiro e mafioso olhar, para que depois não façam a figura ridícula de se passarem por ofendidas pela resposta à altura do naco de proa que parecem, e que oferecido dessa forma parece nada valer, muito menos merecer o respeito do duvidar da intenção da oferta, fui claro?

Por isso, se se oferecem, pelo menos não se zanguem quando alguém quiser tomar posse sem dar nada em troca, ok?


A prova de que este texto não deve ser lido por toda a gente nascerá em cada um dos leitores. Como se sente?

domingo, 14 de agosto de 2011

Psssstttt! Entretanto, não tens direito ao Magalhães...


Ei tu!

Sim tu que vais distraído. Sabes o que significa aumentar a competitividade?
Baixar os custos de produção.

Para isso, menos TSU (Taxa Social Única). Ao baixar os impostos sobre as empresas, podemos exportar produtos a melhor preço. Depois, mais facilidade na contratação e despedimento. 
As empresas devem poder reforçar os seus quadros com pessoas mais jovens e capazes. Além disso, devem premiar os melhores e despedir os piores. Menos pessoas, mais qualificação, maior qualidade e rapidez na execução. Para terminar, incentivar a compra de produtos nacionais, levando as pessoas a apostar na produção. Tirar do país, o que o país tem de melhor...

Mais impostos sobre o consumo, para compensar a perda de receita da TSU. Despedimentos mais rápidos e baratos. Concorrência no acesso ao mercado de trabalho (maior procura que oferta leva à baixa dos salários para a mesma função). Redução nos tempos de desemprego, menos subsídios sociais e (justiça social!!!!) o trabalho voluntário! 
Desta forma, deixaremos de subsidiar a preguiça e, pelo valor da compensação, teremos funcionários nas empresas, nas IPSS ou no estado, a trabalhar a um custo inferior. Comprar produtos nacionais no Pingo Doce ou Continente, mesmo que de nacional tenham apenas a etiqueta, porque quanto mais as grandes superfícies crescerem, mais possibilidades de emprego existem.

Baixar os custos de produção para aumentar a competitividade...

Pssstttt! Tu que andas distraído. Tu que andas distraído ao ganhar 1500 euros por mês. Tu vais ser despedido. Vais para o fundo de desemprego menos tempo. Vais fazer trabalho voluntário pela compensação que te vai criar a ilusão de que tens emprego. Quando te acabar o fundo de desemprego, vais ser despedido outra vez, mas terás direito a um subsidio social. Nessa altura, já o banco te ficou com a casa a troco de nada. Perdeste o que já pagaste mas é normal... são os tempos! Entretanto alugas um T1 quase pelo mesmo preço mas pelo menos não pagas juros... O subsidio social é muito mais baixo que o salário. E passado um tempo, vais trabalhar voluntariamente pela compensação ao subsidio, e quando acabar o tempo do subsidio, vais ser despedido outra vez. Daqui a três anos, o país ganhou competitividade. O mercado estará a contratar pessoas.

Finalmente! Vais fazer o mesmo serviço que fazias 3 anos antes. O teu sonho, o teu dom, a tua vocação. Vais ganhar o ordenado mínimo... mas está tão difícil que já é bom. Pena é que o salário mínimo ainda seja de 475 euros e que isso signifique que ganhas 1/3 do que já ganhaste... mas em compensação também gastas menos 2/3 do que já gastaste, o que significa uma poupança... pena que não é tua!

Daqui a 3 anos darás a volta à tua vida e estarás muito feliz. O Plano deu certo. Portugal é um país competitivo!

O que causará mais pena, é que o teu filho não tenha direito ao Magalhães e a grande lição que tirarás deste mau momento no mundo, é que para os pobres, não é difícil comprar arroz, massa ou feijão... o que é difícil é ter de pagar o gás e a luz, é o custo da água, isto apesar de teres fogão...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sim ou Não? Talvez?


Rebusco as gavetas da minha memória. Encontro textos tão actuais que penso que os escrevi fora de época... a verdade é que o tempo passou e nada mudou... e talvez por isso, em vez de me sentir homem fora do tempo, me deva sentir homem de tempo nenhum...

A dado ponto dizia:

"Não posso ignorar isto, como se fosse um mero desabafo, uma confissão ou confidência... nada poderá ser igual depois disto...
Mesmo imaginando, por vezes, as trovoadas que te castigam durante as noites mais frias, nunca nos retratos que trago dessas visões, a tua tristeza me pareceu tão real, tão intensa...

Lamento e condeno-me por isso... e percebo agora que te devia ter mentido há muito. 
Devia ter-te mentido e ter-te poupado aos pormenores (..) insignificantes da minha vida, dia-a-dia, hora a hora... devia ter-te mentido e ter-te dito que nada significas para mim, que não penso no futuro, que não questiono o presente e que sei o que quero e o que não quero...

Devia ter dito não sempre que travei o meu sim...

Não estarias infeliz agora... quiçá até, estarias hoje mais feliz que nunca...

Mas não é tarde agora... nunca é tarde para fazer o que está certo... nunca pensei foi que o certo, fosse esconder o que sinto... a forma como vivo, como duvido, como vejo e como fujo de tudo aquilo que não digo.

Sou transparente e essa sempre foi, de sorriso rasgado, uma das minhas orgulhosas características... 
Já não estou certo disso!
Mas... nunca estou certo de nada, não é?

Fazes-me um pedido... o pedido mais difícil que já me fizeram.  Uma escolha entre o Sim e o Não, quando a única certeza que tenho é o Talvez. E o talvez, porque não mata mas também não cria, não fala mas também não ouve, não voa mas também não fica, apenas pode resultar numa caminhada onde só se ouve o silêncio.

(...)dificilmente farei o que não quero, e mesmo o que quero, não farei de forma fácil, desprendida, definitiva, se for por impulso...

Terás que te libertar sozinha... desculpa!

Não digo adeus nunca... não existe para mim o 'de vez'... mas viverei a partir de agora na vergonha do silêncio, no corado que sinto por olhar para a minha vida, e na dificuldade da escolha, rejeitar do destino a proposta, e escolher o que quero agora... e o que eu quero agora, é um indefinido Talvez!"
Às respostas que não casei com perguntas, digo que fica assim gravado no meu peito, a palavra que mais se repete nos meus pesadelos: um eterno, silencioso, merdoso e castrador 'nim'.

Um exemplo!

 Quem é o exemplo da tua vida?

São só duas ou três continhas e terás uma revelação surpreendente!

1) Escolhe o teu número preferido, de 1 a 9;
2) Multiplica-o por 3;
3) Soma 3 ao resultado;
4) Multiplica o resultado por 3;
5) Soma os dígitos do resultado.
6) Vê quem é o teu maior ídolo e exemplo de vida!

1. Einstein
2. Nelson Mandela
3. Ayrton Senna
4. Helen Keller
5. Bill Gates
6. Gandhi
7. George Clooney
8. Thomas Edison
9. Este Anónimo
10. Abraham Lincoln

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Toda a gente vê...

Talvez sejam fortes as palavras de raiva que de mim saem... pois estiveram muito tempo guardadas.
Às vezes, olho para algo e toda a cena se forma... consigo ver os passos, os encontros, os "guardar" e "mostrar"... dos tesouros. Ouço os latidos, o vento e os seus zumbidos, aqueles que rezam e os que vigiam...os bandidos!
Os que vão quando vão... os que ficam mesmo quando não estão... Coisas simples, de fácil confirmação. Não é um dom, não é percepção... não é quinta dimensão... é conhecimento! É ter estado, ter feito... 
Somos tão iguais... todos tão iguais mas pensamos, ao representar com jeito, que passamos no crivo da verdade, como se nada tivéssemos feito!
Não! Não passamos.
Toda a gente sabe! Uns viram, outros riram, outros se seguiram... outros apenas pressentiram!

Depois da verdade simples apurada, ganhamos prática na construção. Nem sempre se acerta. Nem sempre se comprova. Mas, a maior parte das vezes, não é preciso prova, para se saber a história... em breves traços evidentemente, mas que a nossa imaginação acaba por completar... histórias! Histórias que as mentes abafam, perdoam mas não apagam,  pois se notam em cada acção que fazemos hoje melhor que ontem... e como se notam!

Talvez seja intromissão... já pensei nisso, mas por que não? Despir os passados do ontem que explicam a luxúria do hoje e que impedem a tortura do amanhã...
A ser que seja agora e a não ser, que pelo menos pareça... mas não parece... cada vez menos me parece e cada vez mais acredito que acerto, porque cada vez mais comprovo...
E isto, tem tanto de fascinante como de diabólico. São flashes e flashes, takes e mais takes de vidas, umas vividas, e nas personagens substituídas, outras apenas desfocadas de rostos, mas ainda assim, claramente percebidas... entendidas. 
Sorrir! E porquê sorrir? Porque sim! Porque não é, porque não parece, mas ridiculamente achamos parecer.
Mas é um sorrir de raiva! Preferia não saber...
A maior parte das vezes, é a descoberta do passado que enterra a possibilidade de um futuro… são santos os sorrisos cândidos dos diabinhos que nas consciências, nas pequenas indecências, nas escondidas decadências dos cantos dos jardins, iluminam os demais… mas são apenas isso! E na verdade, não faltam testemunhas, pois toda a gente viu, toda a gente vê… toda a gente já sorriu!

M.



terça-feira, 9 de agosto de 2011

Qualquer dia...


Se o Amor dá, o Amor tira...
Se o peito sufoca, o peito respira...
Se o andar cansa, o parar alivia...
Se a noite passa, talvez preceda o dia...
Se a morte tarda...
Não não tarda
e é qualquer dia!

Lá no alto!

 
No alto...
lá no alto para onde a seta
diz que é fácil a subida...
lá no alto nada mora,
nada justifica a tua vinda...
 
Chegado ao alto,
lá no alto..
o Engano!
 
Pois lá no alto,
bem no alto,
nada te resta que seguir de novo o asfalto,
por onde já nem recordas,
a pedra removida...

A mesma que te faz agora,
desde o alto,
tanta falta na descida!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

É isto que eu quero fazer!


Flying in a motorized paraglider over one of the most diverse continents in the world, George Steinmetz captures in his photographs the stunning beauty, potential and hope of Africa's landscapes and people. See the project at http://mediastorm.com/publication/african-air


ou então motorista internacional de pesados ...

Nenhum!


"...os meus textos têm pequenas partes de mim.
Nem sempre concordo em absoluto com o que escrevo...
é como quando temos um pensamento
e um pensamento contrário logo a seguir...
Às vezes escrevo os dois
outras apenas um deles mas
a maior parte das vezes,
não escrevo nenhum!"

domingo, 7 de agosto de 2011

As minhas fotos.



"...para tudo há um tempo... a maior parte das vezes nem sabemos se é ou não tempo, de fazer o que fazemos com o tempo. Mas temos escolha sempre. Parar ou recomeçar. O mais importante somos nós e a forma como vemos e nos vêem. E a fotografia mostra partes de nós que, de outra forma, ficariam por mostrar. Eu costumo pensar que são "o piscar de olhos". Aquele momento em que não vemos a cor, a luz, mas também não vemos a sombra, o escuro. E aí que moram as fotos."

sábado, 6 de agosto de 2011

É ser falso!

"Eu não posso gostar de ti só às vezes...como agora. 
Agora que me apetecia ver-te e abraçar-te...
A gostar de ti, tem que ser todos os dias!
Eu não gozo a liberdade que tenho, 
pois só sou livre quando sou dedicado.
Na verdade não me sinto livre porque não gosto, 
não sou dedicado, 
todos os dias que eu gostaria...
Ser meio dedicado, 
ser meio amado... 
não é justo nem é sensato...
É ser falso!"

Extractos...

"Porque nos momentos antes de eu fechar os olhos e cair na tentação do teu toque, do teu olhar, do teu melodioso falar, nos sentimentos que descrevia como forma de te amar, eu não cometi qualquer crime, não deixei qualquer coisa por provar... 
Nos momentos que as despedidas longas faziam de nós apenas um, não te fiz mal nenhum, não fiz como qualquer um..."
(...)
"E se pensei apenas em mim, e me tentei salvar, não te deixei de sentir, de te acompanhar, de me lamentar, por tudo o que quis fazer, tudo o que apenas em mim viveu e não te pude dar...
Que pelo menos compense na tua felicidade, a injustiça de que me fizeste alvo, não por não me teres agora, mas por me teres tido tanto, e com o despeito num pranto, tornado tão pouco!
Não farás de mim mentiroso por te dizer a verdade! Mesmo que seja mais fácil para ti, para mim, acreditar que foi mentira, uma vida inteira e outra vida vindoura, de ainda maior saudade!"

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A todos os meus amigos.


Amigos,

quero para todos o melhor do mundo e, junto de vós, farei o possível e o impossível para que possamos ter um futuro melhor.

Neste sentido, para que possam orientar melhor a vossa vidinha, decidi antecipar o meu aniversário para o dia 1 de Setembro, invertendo a tendência dos 34 anos anteriores, que como se lembram, era festejado no dia 1 de Janeiro.
Quero com isto facilitar-vos a compra das prendas.
Como sabem, em Dezembro com o imposto extraordinário sobre o rendimento lançado pelo inquilino de S. Bento, o nosso subsidio vai levar uma profunda machadada e não quero que, por minha causa, tenham um Natal apertado.
Sendo assim, julgo poder corresponder de forma positiva para que possamos festejar o meu aniversário de sorriso nos lábios.

Mais adianto que decidi fazer um pequeno corte no valor das prendas desejadas, além de aceitar perfeitamente que façam grupos de 2 ou 3 por cada uma delas.

Assim, aqui vai:
Original: Câmara Fotográfica Digital Canon EOS 600D + EF-S 18-55 II IS + EF-S 55-250IS - 1100 euros - Cortado!

Alternativa: Câmara Fotográfica EOS 550D + EF-S 18-55 - Pack : 1xBolsa DSLR ( 0148W524 ) : 1x Livro Curso Fotografia em Português - 730 euros.

Original: Manfrotto 190XPROB Tripé e 804RC2 Cabeça : Preto - 233 euros - Cortado!
Alternativa: Konig FOT1032 Tripé em alumínio com bolsa : Cinza - 24 euros

Fundamental: O livro "O menino de ouro do PS" Cortado! - Vou receber já em Agosto.
Alternativa: Fim de semana numa pousada.

Espero desta forma contribuir para que se note o menos possivel a perda de rendimento.

Um abração, o vosso anónimo.

Morrer Jovem

É tempo!


"E depois de tanto tempo
o tempo tem destas coisas
custa-nos tempo...
faz-nos desvalorizar o próprio tempo.

O tempo complica
até quando já é tanto
que tudo se arrisca...

é assim mesmo a vida,
a tua, a minha e a de toda a gente...
uma vida sem tempo
e cheia de tempo"

terça-feira, 2 de agosto de 2011

sem que mude...


Podia zarpar daqui para fora se tal me acontecesse, sem que eu pensasse se queria... podia ficar e ser feliz se nos meus olhos, com as estradas e as curvas e as casas, não me entrasse pelo peito esta confusão que é viver o presente... o presente que é apenas um segundo seguido de outro segundo e de outro ainda em que fica tudo na mesma... o presente que não larga o que já foi, mas que parece que ainda é o presente do segundo anterior e que projecta aquilo que nunca sequer será possivel, mas que o presente quer...

Talvez! Talvez exista uma forma de não ver o presente. Talvez exista uma forma menos dolorosa que esta: a falência do acreditar no futuro, seja ele qual for... em que segundo for!

Em todos os lados a força me é mostrada. Como se, reflectidos no espelho como viemos ao mundo, surgíssemos perante o mesmo travestidos de imortais, de guerreiros com força, com ideais... com fatos de carne mas acima dos comuns mortais, como todos os tais, que me olham e não me vêem, que passam por mim, olham para o lado, como se eu fosse como algo que não sente, que não chora, que não perde...
Como pode ser frágil assim, o lutador bravo que alguns dos outros em mim vêem?

Paro! Nas letras que aqui deposito, converso comigo próprio... que grande confusão é esta que me sai sem pedir autorização. E que raio de sina nas minhas mãos está gravada, que por muito que as lave, que as esfregue, que as suje, que as feche... não muda, não desaparece!

"Estava escrito!" - sussurro a mim mesmo, e de forma tão clara que pode ser lida a história ao longo dos dias em que aqui coloquei os enigmas. Mas como é possível? Saber que sim, que será assim, descrever como será, e mesmo assim aceitar, nada fazer para mudar, nada fazer para acreditar que tudo podia ser diferente...

Falar de amor... falar de dor... falar de jogar, empatar... mas sobretudo falar de perder!

E que raio de sina é esta a de perder...

Estou farto...

Contudo, olho para as mãos de novo e continuam exactamente da mesma forma. Sei em que ponto estou... e estou exactamente no ponto, em que me dou ao destino lá gravado, sem que mude seja o que for... em qualquer dos meus segundos!

nem imaginam...

 
"Enganam-se aqueles que julgam que o que faço, na maior parte dos dias, é a busca da minha própria felicidade... nem imaginam que, na verdade, apenas tento diminuir-lhes, a dor da saudade do que já fui..."

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ninguém!


Não tinha que ser assim... como é!
Nunca a aproximação resolve problemas por si só... e o afastamento... maldito afastamento... também nada resolve!
Nessas alturas, a meia distância é o ideal. Mas quem a aceita? Ninguém!
Ninguém quer meias distâncias. Ninguém quer metade das lembranças, ninguém quer metade dos sonhos... de crianças!
Não tinha que ser assim... como é!
O afastamento nada resolve por si só... e a aproximação... maldita aproximação... também nada resolve!