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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

gasto...sem sentido...


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Andava algures na vida à procura de sentido. Perdi-me! 
Não sei bem se foi numa nuvem, se num bosque, se num deserto, se num mar alto. 
Não sei! 
Não consigo recordar como cheguei aqui, a este lugar que não sei classificar. É fresco... é alto... é sossegado... é solitário!
 
Naquelas curvas imaginei tantas estradas. Tantos caminhos direitos às cidades que iria construir. Ainda recordo, a cada mudança de pano de fundo, o surgir dos sonhos bem por detrás das nuvens... Acontece-me mais quando venho... quando venho depressa... quando venho surdo pelo ruído das luzes a romper o escuro de qualquer regresso. Lembro melhor quando o som é alto e o sorriso é gasto, sem sentido... aberto!

Já vi isto passar e repassar na frente dos meus olhos pelo menos cinquenta vezes... não sei como começou, não sei o que mudou, mas sei como acaba, como termina de uma forma brusca e sem mácula... aquilo que não terminou!
Ouvi dizer que estavas bem... entregue! Ouvi dizer que é normal que a vida ande e que ela te ame... acho que ouvi dizer que, afinal, foi um erro o passado e que de nada serviu o tempo dado... mas serviu! Serviu para me mostrar que afinal, eu não estava errado!
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Abro os olhos devagarinho, como que a testar se este é o destino... volto a fechar um deles... não!
Não! Continuo no mesmo sítio. Nada mudou. Não amanheceu. Continuo apenas eu. 
Eu, as curvas, o escuro do regresso e um sorriso gasto, sem sentido...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O que não te mata...

Torna-te mais forte!


Um menino...

Vim do mar, assim como sou, como fui sempre...
encontrei-te...
iluminado por um farol que orienta vidas e não embarcações, 
que carrega sentimentos nas almas em vez de mantimentos nos porões...

Tenho ido e voltado vezes sem conta e não estou cansado... continuo pasmado... continuo tentado a agarrar a tua margem, a fincar as minhas mãos pequenas na tua areia, a ficar suspenso na tua costa, a entranhar-me em ti sem fazer força, a olhar a tua luz mesmo quando 'fosca'...

Gosto de soprar a minha brisa aos teus ouvidos, aos teus sonhos, aos teus desejos... e quando te toco e o silêncio reina, sei que é ele que mais me encanta, 
porque é o silêncio que me pensa, é o silêncio que me alimenta, é o silêncio que me sonha... um silêncio tão bom, que não me apoquenta!

Não sei se sou bom a escrever o que penso, o que sinto... não sei se sou melhor nas folhas ou nos sons que aos teus ouvidos pinto...
Não sei se serei algum dia mais do que isto... contudo persisto...

porque hoje a esta hora sinto, que enquanto dormes
 em ti existo,
e que a luz que neste momento não te enche por fora,
amanhã estará mais forte que agora,
e ao deixares que o meu mar pelos teus poros entre, enquanto os teus recantos explora,
sentirás certamente, que o meu gostar de menino é ainda maior, 
quando me vou embora...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O meu castelo...



É impressionante a forma como a vida nos troca as voltas, a forma como nos mostra o que não sabemos...

Frequentemente, dou comigo a classificar a minha vida como previsível, o meu dia-a-dia como monótono, apesar de tanta azáfama!
 
Sei que é melhor do que podia ser, pois tento em cada curva que paro ou que não paro, deixar um pouco de mim para que alguém apanhe... e me devolva mais tarde, a dobrar na minha memória, as vidas em que existi! 
 
Mas as certezas que esta viagem de cruzeiro me permitem conquistar, com este ar salgado que se acumula nos meus traços ao longo do caminho, de repente, caem como um castelo de cartas, como um castelo de areias finas e secas, naquele fatídico momento, em que um primeiro vir de uma onda lhe atinge as bases, e ao ir vitoriosa, dá lugar a outra, que regressa com ainda mais força, e com a certeza, que as muralhas rígidas que construí com tanto esforço, com tanto afinco e sacrifício, não resistirão mais um segundo sequer...

Frequentemente, tenho que reconstruir o meu castelo... umas vezes fica mais danificado que outras... e enquanto me ergo, anseio que os grãos que de mim as ondas levam, voltem com saudades minhas tão grandes, como as saudades que deles, cá ficaram ... 
 
E assim resisto, reconstruo, de novo e de novo e de novo... até que as minhas mãos gastas não consigam mais segurar as areias, até que eu próprio seja arrastado para longe dos meus sonhos belos, até que eu próprio perca as saudades, dos meus castelos...
 
11 de Junho de 2010

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A responsabilidade será de todos!



Para memória futura.

no centro do meio do nada!

Talvez nada seja mais natural, que me envolver num meio rural, e de lá, gritar palavras obscenas à sociedade. Afinal de contas, ninguém me ouvirá, ninguém me julgará, ninguém sequer me lembrará.

Por vezes, olho da minha janela a rua que há tanto tempo não passa, e finjo gostar deste lugar. Outras, lá mesmo no centro do meio, onde pouso os meus olhos e imagino as paredes com coisas penduradas, minhas e de outros, tento o sorriso de encanto pela mudança radical mas inevitável, que qualquer viagem sentado no vento me trouxe. 
Afinal, fui eu que escolhi...

Mas dói um pouco... e às vezes outro tanto, esteja eu neste lugar ou no outro. É como se, de repente, nunca aqui estivesse estado, e ao mesmo tempo, nunca estivesse estado como aqui estive, em mais
nenhum lado.

Resta-me ir mais uma vez... resta-me entrar nas portas novas que eu próprio abro, que eu próprio limpo, que eu próprio encosto. E de cada vez que lá for, até ao ir definitivo, tentar aceitar que é lá agora que eu moro, que é lá agora que eu choro, que é lá agora que vou encontrar uma das formas de liberdade: a solidão!
 
Parei a escrita sentida, mas não a pensada... 
Desliguei agora o meu frigorífico, e é impressionante o simbolismo que para mim representa... é quase como quando se apaga lentamente uma vela...
Está desligado o meu frigorífico, e agora descongela...

Sei que é apenas mais um sitio... um outro sitio onde nunca estive, um outro sitio onde parecerá depois que estive sempre, é mais um sitio exactamente no centro do meio... exactamente no centro do meio do nada!

domingo, 16 de outubro de 2011

Renascer!

Na grande vala que os anónimos da minha terra vão escavar com as próprias mãos, serão atirados sem compaixão, os ladrões da nossa liberdade. No monte de terra que ficará, será lançada uma pedra... A inscrição será misteriosa: 'Aqui renasceu o estado social.'

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ser Fruto!




M. - 34 anos, separado, isolado, entrincheirado num mundo virtual. Órfão desde cedo de pai, de mãe, de qualquer controlo, de objectivos, de sentidos, de caminhos, de desvios, de vocações, de orientações...

Vive suspenso na nuvem que a razão não alcança e que o coração cada vez que sopra, mais se cansa... e pára nas encostas da vida ganhando fôlego para mais um dia, até ao dia... até ao dia, da partida...

Amável. Sincero em cada volta ao texto que acrescenta, em que cada assunto que alimenta, com a força que de dentro impera, talvez alimentada pela dor da saudade eterna!

Apaixonado. Vive assim esventrado pelo que não deixa mas também não fica, pelo que ganha mas seu não toma, pelo mundo que faz sorrir quando não chora, e nas lágrimas que dele saem existe tão pouca luz... mas dor... quando se molha, ela existe de sobra!

Pueril. Quando no assunto sério ri do pensamento tolo, mas não sorri perante a figura nua, em carne e osso e desejo e lume, que numa noite louca, salta de um bolo...

Talvez seja este o momento. Talvez seja este o momento de renascer. De abandonar a nuvem que conforta mas não tem porta, apenas paredes vazias, transparentes, de medo revestidas, que anularam até hoje o desejo de lutar e crescer, de olhar o céu como se a sua casa esquecida fosse, e de lá no alto repartir, o sorrir orgulhoso do que é, do que foi, do que viveu... do que quis ser!

Talvez seja este é o momento. Talvez seja este o momento de renascer. Pois tal como as sementes, temos que entrar na terra, para dela tirar um fruto... seja qual for o fruto.

M.


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Liberdade

"... e quando por fim, acordares da insónia desgastante em que a tua vida se tornou, celebrarás a realidade de um fim imaginado, adiado, vivido em noite longas carregadas de ausência. A própria ausência!

Não recearás mais então, o dormitar dos sentidos, dos desejos...

Serás livre pois não haverá mais tempo para agradar ou desagradar... amar ou odiar... partir ou ficar!"

Nunca cheguei a escrever o texto antes das reticências. Talvez porque não soubesse como o fazer, enquanto o vivia... ainda hoje não sei bem como foi, como o lembro...
Mas talvez seja hoje o primeiro dia da liberdade que descrevi em 19 de Setembro de 2010



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Facebook e a imagem.

Aos meus amigos mais próximos, queria deixar aqui uma palavra.
Eu sei que vos canso e vos afasto das minhas coisas, quando aqui, no facebook, no café, no meu carro, na minha rua ou numa estrada qualquer, o meu assunto parece ser apenas um: a politica!
Eu sei.
Mas até os meus amigos mais virtuais entendem que eu serei mais do que a faceta interessada pelos destinos do país, à qual dedico tempo de forma gratuita e desinteressada, com o único objectivo do alerta, do fazer concretizar a revolta, do apontar para a cegueira que os "média" vos impuseram e impõem... Faço-o porque é possível sempre mudar as coisas.

Eu tenho outros interesses que muitos conhecem.
Eu trabalho. Pode parecer que não, mas trabalho. E naquele tipo de trabalho que se não funciona, nem direito a fundo de desemprego tenho.
Eu também gosto de cinema, de futebol, de jantaradas e algazarras. Eu estudo na faculdade à noite. Eu fotografo, toco, leio e brinco, não danço mas canto (mal)... e também gosto de sorrir, como toda a gente.

Mas há uma coisa que parece que só eu sinto: vamos todos viver na merda se não se faz alguma coisa!!!

Eu bem sei que há para aí muitos que julgam que estão a salvo do futuro. Lamento, mas NÃO ESTÃO!

Podem ter uma pastelaria, um café, um restaurante, um negócio... eu também tenho!
Podem ter papás ou familiares ou amigos que vos ajudam e sustentam... eu também tenho!

Mas há uma coisa que eu tenho e que muitos não têm: consciência que tudo isso será um fósforo... Não tarda, meus amigos e outros, e vocês vão ver o que é ser Grécia real... e não a da televisão onde parece que as pessoas se manifestam porque gostam de tertúlias ao ar livre, mas aquela em que existe a fome, a dúvida, o medo... aquela que parece que só acontece aos outros...

Seja como for, já que percebi que a minha atitude pouco ou nada muda, pouca ou não interessa para muitos - pelo menos parece, dado que toda a gente parece viver no conforto de uma classe inatingível - decidi mudar um pouco o meu comportamento.
Afinal de contas, eu sei o que vou passar. Não preciso de me alertar mais.

Veremos.

Se dói a verdade que aqui coloco, então mudem!

Se dói porque é mentira o que aqui coloco, então contraponham, discutam, argumentem.
Mas por favor, não se armem em Espanhóis. Vocês são portugueses! E é aqui em Portugal que pagarão a vossa falta de visão, a vossa pouca cidadania, o vosso pouco interesse, a vossa falta de respeito por aqueles, que já hoje, e sem que nada fizesse pensar dado o nível de vida ainda há pouco tempo, passam imensas dificuldades.

Não me interessa se são do PSD, do PS, do CDS ou do PCP (o BE deixo de fora porque riquinhos a defender os pobrezinhos dão-me vómitos)...

Não há razão para permitir que aconteça o que está acontecer. Não há mesmo!

Abraços a todos.

M.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011


 

Não tenho este direito...

Não tenho este direito de propagar o defeito que é ser tão sensível que me torno insensível... Não tenho o direito de amar em meu proveito e magoar-te desta forma íncrivel... não! Não tenho este direito.

Porque quando pensas que a tua história magoa a minha história, quando pensas que o esforço és tu que tens  fazer, que a dor tem que ser tua e só tua, quando pensas que causas a  rotura, quando sentes que não és pura, quando assumes teus os meus erros, assumes teus os meus desencontros, os meus contos, os meus pesadelos... sou eu que espeto no teu peito uma faca que devia estar no meu...

Porque não tenho este direito... não tenho o direito de te magoar as pétalas, de as arrancar uma a uma e de as pisar desta forma...

Porque eu amo quem eu quero e quando eu quero e da forma que eu quero. Porque eu pagarei o preço que tiver que pagar por esta luta, algo injusta, mas que é minha, que quando ta descrevo, sim também é tua! Porque fazes parte dela mas não tens culpa, porque quero que a conheças sem necessitar de lupa, porque te quero dar, o que não posso dar, porque quero de ti, o que não posso ter...

Desculpa! Eu não tenho este direito...

Porque todos os sorrisos desaparecem, no momento em que as tuas lágrimas descem pela tua face escura...
porque a minha face branca, quando não te encanta, entristece, fecha-se sobre si mesma, cheia de amargura... porque é o teu sorriso que a ilumina, são os teus olhos grandes e secos que lhe dão vida.

Não tenho este direito de atormentar a tua vida, não tenho o direito de te afectar os passos, com os meus compassos... de te dar música quando queres silêncio, de te dar letras tristes, em tons desafinados, presos e deprimentes...

Não tenho esse direito... não tenho o direito de carregar em ti o peso que tiraste de mim... não tenho direito de responder à tua forma de amar, com esta forma de estar, de maltratar... não tenho o direito de te dar o meu sorriso, de conquistar o teu, e depois arrancá-lo de ti, como se tivesse sido sempre meu...

Porque gosto de ti... porque preciso de ti... porque esta não é a forma certa de gostar, e se te magoa, então tenho que a matar... para que renasça com a força certa!

Porque os abraços que guardo não são estes que sentiste hoje... os abraços que quero são diferentes, são abraços dados e não trocados ou roubados... são beijos lentos e não cinzentos... beijos do coração...

Porque não te quero nunca perder...  Porque não quero que desejes perder-me...

Porque todas as nossas letras não serão nunca esquecidas, serão lidas e relidas, para que o seu significado prevaleça, para que a música que te toco todos os dias, esteja pronta, seja tua, como foi desde o início... para que os nossos joelhos se encontrem de novo debaixo de um qualquer mesa, para que as minhas mãos encontrem as tuas, sem o peso das feridas que hoje nelas marquei, e que na tua parte do meu rosto, encontre a alegria que vi transbordar pela minha presença, pela minha visita...

Perguntaste um dia se merecias isto tudo.... merecias muito mais do que isto que sentiste hoje certamente...
Será que eu mereço tudo o que me deste? Se calhar não... não porque tenha nascido já sem esse merecimento, mas porque conquistei-o e depois desperdicei-o... talvez porque não te querendo nunca iludir, desiludi-te na mesma...

Espero que me perdoes as coisas que fiz e que te fizeram mal... espero que recordes as coisas boas que te dei, que foram sempre tuas e eu não sabia, as coisas que nunca foram de ninguém...

Espero que me convides a respirar o teu ar, que me convides a olhar o teu olhar, que me convides um dia para qualquer coisa, até para em silêncio ver o mar...

Espero que vivas, que sorrias, que ames com todas as tuas forças... porque uma flor precisa de amor e precisa de amar... e este é o momento em que tens a oportunidade para o fazer, a oportunidade de ser verdadeiramente amada, a oportunidade de veres nascer de ti uma vida, uma nova vida, uma nova flor, uma nova luz, um novo dia...
Eu aqui fechado... estarei apenas à espera que precises de mim de novo... para um sorriso, para uma visita ao nevoeiro, para um beijo no escuro, para uma conversa em silêncio, para o que quiseres... desde que te faça feliz... 

Mas não posso continuar a escrever, sabendo que o que sinto e o que te transmito, anula o teu riso, alimenta o teu pranto e aumenta por mim o teu desencanto.

Adoro-te. Tu sabes.

(21 de Dezembro de 2009)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O que é que eu sou?


O que sou eu afinal?
Serei uma pessoa séria, adulta, honesta?
Serei eu a pessoa respeitadora, sincera, preocupada que acho que sou?
Serei apenas egocêntrico como às vezes me vejo?
Serei eu um manipulador de tudo e todos, incluindo o mais profundo eu?
Serei eu apenas escravo de uma mente condenada pelos erros, 
pelos momentos, 
pelas perdas que não quis conquistar?
 
Será que as pessoas realmente me vêem?
Será que acreditam naquilo que em mim sentem?
Ou será que me olham e sentem que sou tudo, 
e de repente, 
sou tudo menos aquilo que eu sou? 
...
Estou na idade das perguntas sem resposta...
 
Navego por entre este mar enorme da minha memória, procurando em mim razões para esta minha maneira obsessiva de atingir o bem estar dos outros, de criar grandes afectos com os meus sonhos, de fazer crescer sentimentos que pago com todas as lágrimas que caem dos meus olhos... lágrimas que no fim acabam por ser pagas também, com rostos salgados pelos olhos de todos os que eu gosto...

Quem sou eu afinal?

Serei anjo, serei demónio... serei sorriso, serei pranto... 
Serei igual a todos os outros... serei espanto? 
Terei eu asas que não sinto? 

Julgo porém, que o que sou, o que vou sendo,
 é sempre claro em cada momento, 
em cada gesto, 
em cada sorriso, 
em cada tormento...
 
Sou sempre o melhor que posso ser!

Um dia ao percorrer as paisagens onde o meu mar me leva, 
perguntei a uma sereia:

"Achas que me podia ter aproveitado de ti?  

E a resposta foi:

"Sim!"

Contudo continuo com a pergunta:
O que é que eu sou?
 
(12 de Março de 2010)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Não fosse o meu passado...

 
Calhou-me num dia de outono tomar esta decisão, de embarcar de alma e coração, no baú da saudade.


Perguntam-me "mas porquê hoje?"
E eu respondo para mim "por que não? Não é verdade?"


Não fosse o passado feito de palavras pálidas... entretanto aquecidas, enrugadas, mal cuidadas, esburacadas, mal amadas, de mim revestidas... depois esquecidas... sujas... das chegadas e das partidas...
...e talvez fosse mais fácil o salto para o futuro, para uma fase depois do fruto maduro, no momento em que no silêncio, se parte o fio que nos une ao tempo, e sem hesitar pois não há mais momento... - não há momento... não há mais momentos(!) - e acabaria o tormento depois do vento, no momento em que o bater seco no fundo, queimaria o meu último segundo... e com ele chegaria, o fim das minhas tristes palavras!

Não fosse o passado...

Lá fora está o pato, o cordeiro, o cigarro, o segredo que quase salta: "Cuidado!"

"Anda!" diz a voz que vem do espaço e eu deixo-me ir... deixo-me ir...

 
Decidi num dia de Outono...

Mas fechar as portas, mesmo que lentamente, como os segundos que morrem na sucessão uns dos outros, é extremamente doloroso...

Viesse o mar e levasse as paredes, levasse os telhados e as sombras com eles... e eu, na verdade, nem saudade de mim para o infinito levava... Não estaria na periferia sentado, a imaginar o mar lá longe revoltado, aquele que eu quis ser um dia... e um dia, num mar submisso, sem fé, sem voz, sem sal... um meio homem meio animal... sem querer, me ter tornado!


Esperança! 
Tenho esperança que tenhas razão Ó Sombra! Esperança que seja eu ainda um dia a esperança, de convencer o mundo que vale a pena a obra, de ficar e não ir embora, e ser eu a acrescentar à hora, os segundos de quem por aí chora... indo lesto pela estrada fora, até onde quase ninguém mora...

Não fosse o meu passado... e um dia de outono!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Adiar (ponto da situação)


Tentei fazer um esquema para organizar a minha vida... o que saiu foi confuso...
Tentei depois pensar o que quero para a minha vida... e no papel, era ainda mais confuso...
Então, limitei os meus horizontes... o que quero fazer este ano?
Tantas coisas... são tantas as coisas, que desisti de imediato!

Então achei que o melhor, é aceitar já, o que não vou fazer este ano... é mais fácil! Como são coisas impossíveis de concretizar, talvez dentro de mim façam de alicerce para o que virá, para o que irá crescer a partir de lá...
E voilá!

Este ano não vou comprar casa, não vou ter um filho, não vou ter férias, não vou para a universidade, não vou aprender a dançar, não vou voltar a aumentar de peso, não vou ficar  rico, não vou ficar mais bonito, não vou a Paris, não vou criar uma nova empresa, não vou casar, não vou ficar mais novo, não vou...

Parece pouco... mas é um começo... é que muitas destas coisas, supostamente este ano, seriam realidade!

(9 de Março de 2010)
Rasurado hoje!