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sexta-feira, 27 de maio de 2011



Dois avisos:
 
Na minha vida, na minha disposição, tudo muda de um momento para o outro... por isso não me comprometo.

Porque facilmente as pessoas obtêm de mim o compromisso... e eu não estou em condições de cumprir com compromissos que faço, quanto mais com aqueles que me arrancam...

E sou habilidoso nesta figura de estilo:
 

"o último refúgio dos modestos e virtuosos quando a privacidade das suas almas é invadida vulgar e intrusivamente".

quarta-feira, 25 de maio de 2011

E eu percebo-os tão bem.



Como disse, gosto de ver o brilho de longe. Assim fiz! 
Nunca pensei passar-lhe qualquer recado. Nem mesmo o seu, sabendo que ele ficaria feliz.

No terminar da festa, e depois de ter fugido do sitio onde estaria dele tão perto, achei por bem ausentar-me com tempo.

Sempre gostei daqueles personagens importantes que deixam a alegria acontecer e saem de cena sorridentes, pelo sorriso dos outros.

Não sei por que fiz isso. Às vezes julgo que eu fui, também, peça importante naquela alegria, naquele entusiasmo...
Outras, caio na realidade da minha humilde importância, entre tantas pessoas importantes.

Fazendo uma média, que nada tem de aritmética, fico apenas feliz por ter sido eu... ter sentido tanto orgulho às vezes, por ser o que sou e por ter conseguido ser o que fui, ao defender desinteressadamente, aquele que tantos atacam.

Dizia eu que me ausentei... não escolhi o caminho... mas percebi mais à frente que era por ali que iria passar. O corpulento motorista não engana.

Estive tão perto. Estive quase para ajudar os seguranças a libertá-lo daquelas senhoras fanáticas (fanatismo bom), que não deixavam o "senhor" respirar.

Com a porta aberta, de pé no automóvel, acenava à população... e eu ali um metro atrás, apenas a olhar...

Mais uma vez saí e segui a rua... não mais que 10 metros não sei... pensava que "devia ter dado o recado da S.", enquanto 'acriançadamente', sorria do próprio pensamento...

Num segundo, olhei para trás e lá estava o homem sorridente, como quase nunca alguém o vê no palco.

Meio vidro aberto... talvez a minha cara rendida à admiração seja tão transparente que nem a segurança mais ou menos apertada de mim desconfia...

Apertei-lhe a mão durante instantes... mas nada lhe consegui dizer... muito menos o seu recado...

Mas ele, na sua visão tão à frente no tempo, terá percebido... julgo eu!

Enquanto eu agarrava a mão dele com vontade de ali ficar, ele disse-me "Obrigado. Até breve!"

Largou-me e o mercedes zarpou dali a grande velocidade...

Nem lhe disse... não nada consegui dizer.... mas ele terá percebido... julgo eu!

O obrigado foi para mim certamente!

A admiração desinteressada e fiel como a minha, merece o agradecimento, mesmo que não se note além da expressão do meu olhar ou da energia do meu rosto...

O "Até breve!" tenho a certeza...  foi-me dito, para lhe dizer a si...

As únicas palavras que consegui dizer nos segundos seguintes, foram para os seguranças que no automóvel atrás, se apressavam a acompanhar a subida...

"Boa viagem!"

Não me responderam...

E eu percebo-os tão bem.

domingo, 22 de maio de 2011

Um dia escreverei uma história de amor...

Tu e o J. (ficção)

"Vinhas tu da beira do rio, com o sol de fim de tarde pelas costas. Esse brilho que te tocava à medida que te aproximavas, deixava a nu os contornos do teu corpo, por dentro da tua roupa clara, larga que tanto gostas de vestir quando o tempo permite. Olhas para a esquerda como que procurando por alguém... Mais uma vez, a negro, fica claro o desenho da tua face, os contornos dos teus lábios, o teu queixo e o teu pescoço, e o teu narizinho batatinha que sempre detestaste em ti, e eu pelo contrário, sempre achei que era perfeito.
O teu andar seguro era interrompido de quando em vez pelo desvio que precisavas fazer das pedras maiores ao longo da margem.
Percebo o teu olhar para a esquerda. Ao teu encontro vem o J., deu-te a mão e continuou ao teu lado o caminho que te aproximava de mim.
O J. já não era o adolescente que eu conhecia, mas continuava com o mesmo ar tranquilo, meigo e bondoso de sempre. Aquela forma de ser que anos antes, numa daquelas caminhadas à noite, me fez garantir-te que era o teu tipo de rapaz, ao que tu respondeste que era demasiado certinho para fazer o teu género. Como tinha eu na altura razão e tu não.
Fiquei feliz pela tua escolha. Sempre tive receio que anos depois te visse com alguém que reflectisse um "eu", que já na altura, eu não gostava.
Esperei que chegasses até mim. Senti-me nervoso porque não sabia se olharias sequer.
Olhei-te descaradamente como que gravando um episódio da tua vida na minha memória, para relembrar mais tarde. Nisto o teu olhar, não mais distante que vinte metros, cruzou o meu. Foram apenas alguns segundos, longos e tão curtos segundos. A tua expressão mudou. Apontando umas escadas ali perto sugeriste ao J. que subisse na escada próxima, ao que ele acedeu prontamente. Todo eu estremeci com este golpe do destino, que minutos antes me tinha surpreendido e logo depois me retirava a possibilidade de te olhar de perto, de te notar as diferenças .
O J. não se apercebeu, ajudou-te a subir, e tu afastaste-te lentamente, sem nunca olhar para trás, sem nunca sequer insinuar que pensasses em olhar para trás.
Entrei no carro, coloquei o Cd que ouço sempre que preciso de pensar sobre os meus sentimentos, voltei para casa lentamente como que tentando contrariar o tempo que passava.
Uma pergunta não tinha resposta ao longo do trinta quilómetros que fiz em quarenta minutos naquele fim de tarde: que vida esta a minha, que não está resolvida enquanto olhar para o meu passado e não o aceitar como já é, há tanto tempo, apenas passado? Os meus erros já foram. Não dá para corrigir nada...

Mas a resposta é simples. Ao contrário do que parece, a minha vida está resolvida. Estou preparado para lidar com as fraquezas do nosso passado, com os erros que cometi e estou preparado para pedir desculpa, e deixar de lado a culpa. Preciso disso para continuar a contruir a minha pequena casa, a minha pequena família, a minha pequena empresa, a minha pequena história.
Tu pelos vistos é que não, não queres aceitar o meu arrependimento, não queres que eu largue esta tortura, não queres que esta marca desapareça de mim, como não desaparece de ti. 
Só isso explica por que tens medo de me encontrar, por que tens medo me olhar...
Tens medo que o teu enorme castelo, que é feito de cartas, desabe em cima de ti, em cima dos teus grandes proveitos, em cima dos teus caros enfeites, dos teus enormes sonhos, cheios de defeitos..."

18 de Outubro de 2009

terça-feira, 17 de maio de 2011

As aventuras...


As aventuras que os dias nos oferecem, não são para ser questionadas. Eu sei...


Por vezes pergunto-me qual é a lógica dos acontecimentos.

Um dia alguém deu-me um livro. Tinha, sei lá, 13 anos.
Mudou a minha vida.


"Como fazer amigos e influenciar as pessoas"


Pareceu-me lógico vindo de quem veio. E o titulo do livro, naquele momento, pareceu-me caído do céu.


Preparava-me para finalmente aprender 'o poder da conquista'. A conquista do poder'. Esse poder era a amizade.

Quem tem amigos tem tudo. Ai se eu pudesse ter todos os amigos que eu quisesse... 



O "influenciar as pessoas" admito, fez-me franzir o olho e pensar - "isto é capaz de dar jeito".
Terá começado aí este meu feitio que é tornar as poucas leituras, em leituras avassaladoras. 

Eu devoro páginas... não sou capaz de continuar amanhã. Tem que ser naquele dia. Se paro, aborto!



Na verdade terá começado mais cedo. Aos 5 anos talvez. Lembro-me do cheiro do meu primeiro livro: PAPU 1. 

O raio do boneco, tal como o tom Sawyer era tão eu. Até o Cid era parecido com o meu irmão. Os óculos e o risco ao lado... a camisa apertada até cima...



Conforme avançava no livro, toda a magia que eu pensava que ia encontrar para arranjar amigos aos montes, e todos os truques sem varinha que eu julgava ser capaz de aprender para influenciar (eu na altura pensava mais em hipnotizar e comandar) desapareciam... lentamente... Quer dizer, rapidamente!

Afinal de contas aquilo não passa de um conjunto de cartas de pessoas que eu já tinha ouvido falar nas aulas de história.
Anos mais tarde, percebi que a magia não existia no livro. Mas existia algures...


 A amizade! A magia é a amizade.


É que a amizade, nasce antes dela própria. 
Como dizer? 


A amizade nasce no momento em que nos dirigimos a alguém com uma intenção boa. Depois pode aumentar ou parar... mas ela nasce antes. Muito antes de um abraço, de um choro, de um aperto de mão. Existe dentro de nós, no momento em que nos dedicamos, com o pensamento, com uma caneta... a alguém.

E podemos influenciar as pessoas... claro que podemos.

Mas aí a palavra influenciar, passou a ser gostar, ajudar, abraçar... a amizade e o encontro, mudam as vidas das pessoas.



Uma carta fechada sem remetente, num dia especialmente mau, que apenas diga "bom dia", muda o dia de uma pessoa... isso não é amizade?

A magia existe. Com a amizade, nós podemos influenciar as pessoas.

As palavras que eu invento...




Serão vagas e absurdas as minhas palavras, 
por parecerem fora de tempo, sem fundamento?

Serão parcas as explicações dadas, 
por não mostrarem na simplicidade das letras, 
o esticar já longo das amarras, 
o som já calado das guitarras? 

Serão falsas as minhas intenções,
ao imaginar um telhado alto, tão alto, 
no céu suspenso, mas para o qual,
no momento, não consigo descrever,
o seu sustento?

Não sei... 

O futuro que as minhas palavras inventam, 
podem ser apenas isso, um devaneio do momento, sem história... 
uma teimosia de jumento, 
em querer mostrar o que vejo, o que sinto, 
um fotografar da areia antes de se tornar cimento...

São apenas palavras... são as minhas palavras! 
Elas não foram feitas para mudar o mundo, 
para servir de estudo, 
para mostrar-me mais velho, 
mais culto, 
mais verde ou maduro... 

São apenas as minhas palavras... 
as palavras que eu invento!

16 de Agosto de 2010

domingo, 15 de maio de 2011

É isso!


"...uma conversa sem tema, sem objectivo no tempo... apenas uma conversa!

São raras as vezes que procuro alguém. Habituei-me a esta forma de vida para dentro. 
Choro e sinto muito as coisas... mas não no momento! 
Sou frágil, mas nunca quando está vento...

Falar... apenas falar...

Idades diferentes, temas diferentes, interesses diferentes.

Naquelas histórias, cuidadosamente por mim ouvidas, pressentidas e, por que não dizê-lo, hábilmente orientadas, procuro respostas para mim.

A maior parte das vezes, a nossa história, já foi vivida por outros... basta reconhecê-lo e tentar obter nisso, alguma margem de segurança, na condução do dia seguinte da nossa vida.

Nessas alturas, faço perguntas sobre mim sem que as ouçam claramente... as respostas surgem em catadupa... retenho...

As horas de trânsito servem para colocar as coisas alinhadas... não consigo... 
Ainda assim, aproveito sempre algumas coisas.

Na verdade, depois destas conversas que tenho comigo próprio, em que são os outros que falam, fico esgotado, tal é o processo posterior na viagem, a tentar perceber o que aprendi.

Isto das possibilidades fascina-me. Muitas vezes, acredito mesmo que as possibilidades são imensas... tal como os sonhos... tal como os preços!

Fico com a sensação que tenho tudo em aberto. Como tive sempre... tenho é que ter sorte!

Até lá, não tenho forma de fazer, que não viver os meus dias o melhor possível, dentro dos parâmetros que vêm do passado.

Não há milagres... mas também não há impossíveis!

É isso que hoje quero... tal como ontem, tal como quase todos os dias..."

Extractos de um anónimo

terça-feira, 10 de maio de 2011

Quando eu escrevia...


A verdade que me saltava dos dedos, 
a fuga para um mundo desconhecido, 
nascido num eu crescido, 

sonhador, 
criador, 
vivendo o esplendor, 

o escrever como quem respira, 
numa cantiga, 
que arrepia, 
sendo brisa...


No coração gravado, 

um amor, um fado, 

um outro lado, 

do meu passado...





Ser a Alice,

num país novo a crescer, 
a sentir, a conhecer, 

a pessoa 

que não fui,


que durante tanto tempo,
eu não quis ser...

Também eu sinto falta do sal 
que dos meus poros transpirava
 nas manhãs 

frias de inverno


que o amor fartava...


Já na altura a falta de tempo, 


para saborear,



doçura do sentimento, 




a liberdade de um momento, 




tão minuto, 


tão 
intenso... 

















O impressionar, 






o reinventar de um sorriso, 






de um 
feitiço...



















Estou apenas cansado, 
abafado, 
fustigado pelos dias longos 
que morrem 


cedo, 




que não percebo, 





dos quais recebo curtas histórias, 


sem 






vitórias...











Também eu sinto falta 
da minha glória
 na tela nascida em cada acordar,
em cada correr e saltar, 
em cada espreguiçar, 
em cada deitar...

Estou apenas cansado, 
apenas tentado, 
a morrer num sono profundo,

enquanto vivo, 
enquanto me sinto, 
enquanto me dispo, 



das vaidades que 


não me seduzem, 


não me iludem, 


não me conduzem 





às razões do peito...




Estou apenas cansado, 



apenas muito cansado...

27 de Abril de 2010