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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Carroça sem boi...


...a minha cara, está mesmo na cara. A minha letra... o meu texto... a minha música... tudo se vai, tudo se foi, tudo será arrumado, emaranhado, abandonado... a minha história, a minha glória, a minha capa, o meu cachecol... a minha luz, a minha nuvem, a minha borbulha,  o meu anzol... o rio largo, de pedras ao sol, secou agora, o girassol... a minha mente, à minha frente, lamenta as costas de toda a gente... o meu orgulho, o meu entulho, o meu farnel,  abelha perdida, garganta sem mel... a minha curva, o meu dedal, agulha sem linha que nada vale, o meu olhar, o meu castelo, vai desabar, marmelada amarga sem marmelo nem marmelal... o meu desfeito, o meu imperfeito, o meu respirar, fora do peito... o meu fugir, o meu quintal, chuva intensa, um pantanal... o riso turvo, o choro mudo, o amar que mordo, nos lábios mar... tudo se vai, tudo se foi, tudo será arrumado, emaranhado, abandonado... tudo será carroça vazia, pousada, perdida... tudo é, tudo foi...tudo será carroça...carroça sem boi...

(22  de Setembro de 2010)

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