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domingo, 21 de agosto de 2011

Acho eu...

Acho eu que foi anteontem... 3 de Agosto. Acho eu...
Passei por ti na calçada depois da missa. Comentavas que esta ou aquela tinha sido má para ti e logo naquela semana, em que tinhas ido parar a uma cama de hospital, por causa das tuas dores de cabeça... Não prestei grande atenção... Afinal de contas, nós crianças não queremos muito saber das coisas dos adultos...
Acho eu que te disse que ia nadar e que disseste para ter cuidado.
Foi uma tarde boa de mergulhos naquele tanque de águas esverdeadas... Ficou tão pequeno aquele tanque com o passar do tempo...
Acho eu que cheguei a casa e na vaidade dos onze anos, estava a tentar fazer aquele risco ao meio ridículo, depois de com a lâmina do avô, ter rapado uns pêlos louros da cara... Achava eu que ficava mais bonito sem eles...

Acho eu que te ouvi cair inanimada, que ouvi os gritos do pequenino a pedir ajuda... Acho eu que pensei que o que faziam para te acordar, nunca iria resultar, de tão estranho que era...

Acho eu que não percebi o que aconteceu...

Acho eu, que amanhã fazes anos... Ou será depois de depois de amanhã?
Desculpa-me! Nunca fui bom com datas... Talvez porque depois de ti deixaram de existir datas... deixaram de me fazer feio os pêlos na cara...

Não me dei conta da tua falta, não me dei conta da tua falta em mim...
Não te vi ficar pequenina com o passar do tempo, não te vi envelhecer como me vi crescer...
Aliás... Nunca mais te vi... Sentes a minha falta?

Hoje eu sinto a tua falta...
Sinto a falta de um dia...
De um qualquer dia,
antes dessa data...

Acho eu...

5 de Agosto de 2010

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