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sábado, 31 de dezembro de 2011

As imagens do ano!

Para terminar com vergonha este ano, há 9 meses atrás não existia crise internacional e José Sócrates era o carrasco de Portugal ao ser obrigado, por ter um governo minoritário, a estar sempre a negociar com o PSD as medidas essenciais de combate a uma crise internacional que o próprio, segundo todos, tinha criado. Hoje, as "imagens" do ano são todas as da "crise internacional"... uma crise que ao fim de 9 meses caiu nos braços dos portugueses, do presidente da republica, dos jornalistas, dos 'opinadeiros' e 'opinantes' do país... Se isto não é motivo de vergonha, é no mínimo o constatar da realidade com que duas palavras começadas por "E" massacram os portugueses: são elas o EMBUSTE e o ESBULHO!
"Que todas as coisas ocultadas aos amores, sejam as dores que não queremos partilhar para não os magoar... não acrescentarei mais carga às luzes que amo, que o peso maldito das sombras do desengano, pois da verdade serei capaz de retirar o medo, retirar o sossego, retirar o orgulho, de ter tomado a decisão de enfrentar o abismo, sozinho sem dividir o pranto, que é triste, que é merecido, que é pagamento suave das caricaturas que fiz da vida, mas que deve ser apenas por mim vivida..."

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Se fosse hoje... eu teria feito!



Assusta-me quando espreito de olhos fechados, pelas múltiplas fechaduras da minha vida, e vejo o que vejo, ou vejo o que acho que vou ver... não sei bem! é tão real que sinto o cheiro, sinto o cinzento das fardas, sinto o peso das lágrimas, sinto o apertar das mágoas, sinto o eco das palavras adiadas, perdidas no silêncio... para sempre! Assusta-me... Faria tudo para fugir do que já vivi... o que para muitos ainda está por viver... Faria tudo... Porque não existe frustração maior que sentir, que podia ter feito tanto, exageradamente tanto... mas não fiz nada, do que gostava de ter feito!

18 de Março de 2010

sábado, 17 de dezembro de 2011

Um momento... muito mais que um dia!

Mais um ano que parece querer findar, sem que alguém me pergunte se eu quero.
É claro que a linha por onde a vida nos leva, raramente nos avisa que o tempo, qual tic-tac na mesinha de cabeceira, está a passar e que cada passo, se torna portanto, único em cada lugar.

Às vezes, somos enganados pelo tempo próprio que achamos que temos, e andamos em circulos mais ou menos definidos, parecendo que para lado nenhum estamos a andar, quando na verdade, qual movimento da rotação da terra, estamos tão entretidos nas voltas que a nossa cabeça, que o nosso coração definem, que nos passa despercebido que o tempo raramente chega para estar, para ficar, e que não pára, como tantas vezes julgamos.
Ele leva-nos nele próprio. Estamos a ir... mesmo quando queremos ficar.
Não há velocidade mais estável que a do tempo.

Nas viagens no lugar do passageiro, quando olho a vidraça e vejo a paisagem que se desfoca em linhas para trás, é quando mais me apercebo que o tempo apenas pára dentro de nós, e por momentos, para lembrar o que fomos, o que somos, de onde viemos e para onde achamos que queremos ir. Esse é o único momento em que o tempo pára. Bom, existem também os sonhos, quando parados, deitados, mergulhados estamos no silêncio, e como parece que a cama não vai para lado nenhum, imaginamos o amanhã depois de hoje, ou o ontem com o que saberemos amanhã! Tudo o resto são momentos em movimento, que não param... mas alguns ficam!

Tudo o resto são momentos que passam e que nada deixam. Poucos são os momentos que marcam para sempre um determinado tempo, momentos que reservamos dentro, para recordar quando for tempo, de preencher um outro momento, reservado para isso mais à frente, no tempo...

... e é nestes momentos depois dos momentos, que sabemos que a vida não se repete... há momentos que são únicos e que ficam na memória para sempre, independentemente da forma como olhamos agora ou na altura o mundo, depois dos mesmos. E esses momentos, são de tal maneira intensos, que ficam guardados em nós, não como partes de um dia, mas como um dia inteiro, como se aquele dia fosse apenas um momento.

Não há confusão possivel entre o que fica e o que desaparece... e o que fica é grandioso. Mesmo que não seja propriamente bom de guardar dentro de nós. Não são todos bons os momentos marcados definitivamente em nós.
O que fica nunca mais desaparece, vai-me acompanhar durante toda a vida.

A vida é o conjunto desses momentos: os grandiosos! Os bons e os maus. Os outros, são apenas virgulas nos textos. Ajudam a dar o movimento certo, mas não acrescentam ou retiram, qualquer força dos momentos grandes na vida.

E quando penso que faria tudo de novo, que viveria tudo outra vez, apesar das consequências, é porque vivi o que era suposto viver. É claro que não teria bem outro remédio. Raramente temos influência na nossa vida, tal como nos sonhos, tal como nas vírgulas... talvez esteja contente com os momentos que a vida me deu, ou talvez esteja apenas alegre ou parvo...

Escolho, nem sempre ao acaso, um momento, que inevitavelmente me aparece na memória como um dia! Orgulho-me desse dia. Orgulho-me dessa chuva sentida, orgulho-me da ideia pouco criativa de seguir o instinto, de ter seguido o que sinto...orgulho da tristeza, do soluço, do riso que deixei que vissem, do sorriso que não deixei que me escondessem!

O detalhe que existe numa memória é diferente de uma fotografia. Tem cheiro, tem toque, tem alma... antes todos os dias fossem feitos de lembranças dos dias idos, tão detalhadamente gravados, tão fortemente vividos. Não como uma fotografia... mas muito mais! Até cego reviver conseguiria! É esse o poder das marcas da vida em apenas um momento. O tal momento, que mais tarde, nos parece muito mais que um dia!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Por vezes...


Por vezes a morte, não é a prisão que parece ser. É ao contrário! É a libertação.
Libertação do que se fez de mal, como se pagar com a vida anulasse os pecados.
Libertação pelo que se fez de bem, como se passar para outro mundo fosse um prémio pelo nosso bom desempenho. 
Libertação pela descoberta da verdade ou a ocultação para sempre da mentira, dado que os que ficamos, quando confrontados com a morte, falamos a nós mesmos, com mais verdade!

É sempre triste em qualquer dos casos.
A minha mãe morreu com 39 anos. O meu pai com pouco mais de 40. Deixaram 3 filhos, 2 menores.... muito menores. Não consegui nunca ver nisso qualquer prémio, qualquer verdade ou mentira, qualquer castigo justificável.
Não entendo. Mas aceito...

Aceitei com o tempo.
Em tempos tive muito medo da morte. Hoje acho que não tenho. Mas tenho saudades da vida. Já!
Não vá acontecer alguma coisa...
(...)
As palavras podem ser reorganizadas, misturadas, lidas mais baixo ou mais alto. Podem ser hoje mais fortes, mais tristes ou alegres... mas elas foram ditas, escritas. E, sobretudo, foram sentidas!

Não hora da partida, quando ela vier, terei saudades do que vivi... e não do que não vivi!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Aqui aprendi a ser!


"Não deixa de ser para mim bastante gratificante ver tão agradável partilha, de conversas, de memórias e de vidas, numa foto tirada num dia cinzento, chuvoso, melancólico...

Também não deixa de ser surpreendente, que neste mesmo espaço se juntem, sem que nada fizesse esperar, alunos de várias gerações, muitos que eu nem conheço, os meus queridos professores e outros amigos chegados mais tarde, mas que assim, sem quererem, ficam com detalhes da nossa vida em conjunto, no tempo em que o futuro, era lá longe, tão longe, para lá do horizonte.

Não será surpreendente que vos diga, que andei largos minutos em volta daquela escola, deixando que "flashes" de memória me invadissem a expressão, ora de sorrisos, ora de sustos, de memórias boas e algumas menos boas, pequenas histórias que ficam em cada um de nós. Um embaraço, um vidro partido... bom! Adiante.

Nota-se que está fechada e que começa a ter alguns pormenores de abandono. As paredes, os vidros... é claro que pensei que é por estar fechada que isso acontece. É o pensamento natural. Mas rapidamente o meu pensamento foi além desse pensamento natural. Os traços de abandono que apresenta, não são por não ter alunos diariamente a frequentar aquela escola. Afinal de contas, o uso também estraga as coisas. Esses traços são por falta de cuidado. São por falta de ideias para o seu aproveitamento. São por falta, na impossibilidade de mais, de brio nas nossas coisas, nas nossas memórias, na nossa exigência pelo que é de todos.

É claro que não pretendo culpar ninguém por isso. Mas acho que era possivel fazer algo daquele edifício. Haja vontade e imaginação. Haja coragem para fazer sugestões na junta de freguesia. Certamente as ideias serão bem recebidas e serão levadas em frente.

Apesar do texto já ir longo, eu não posso deixar de dizer que as sociedades, dinâmicas que são, misturam um sem numero de características e valores, que com paciência, orientação e boa vontade, resultam em evolução, em construção quer individual quer colectiva. Por isso, naquela escola ou outra, o professor A. e a professora T., teriam tido o mesmo empenho, e nós, com a nossa simplicidade e humildade, teríamos feito o nosso percurso como boas pessoas. Eu acredito nisso.

A nossa escola, agora fechada, terá um destino. E pode ainda ser bom. O seu encerramento também foi por motivos economicistas. Não exactamente para poupar dinheiro, mas para aplicar de melhor forma o dinheiro, para que todos os miúdos (que são muito poucos hoje em dia) possam ter igualdade de oportunidades. Possam ter o que outros têm. Para que não fiquem para trás, não por falta de empenho e de amor por parte dos seus pais e professores, mas por falta de condições. Por falta uns dos outros. Viver hoje é cada vez mais rápido, mais preenchido. O isolamento atrasa.

A escola encerrou essencialmente porque tinha poucos alunos. E poucos alunos significa um custo elevado. Mas acima de tudo, significa que esses miúdos viveriam a parte mais importante da sua vida escolar, isolados uns nos outros, mesmo que o dinheiro não tivesse preço e a nossa escola tivesse todas as condições e toda a tecnologia das escolas maiores e mais evoluídas.

É claro que nos grandes centros escolares é mais difícil de acontecer a partilha, a entre ajuda, o carinho que existiu na nossa, orientada pelos nossos professores. Mas mesmo aí eu acho que não é um problema da escola, é um problema da sociedade. Mais alunos significam mais professores, mais amigos, mais partilha e mais dinâmica no crescimento colectivo.

Tenho a certeza que os nossos professores dariam tudo da mesma forma, se em vez de na nossa terra, tivessem enterrado muitas das raízes da sua vida, num centro escolar de grandes dimensões, na cidade.

A verdade, é que nos podemos orgulhar do nosso passado. A verdade é que nos doí na alma ver aquele espaço vazio de nós, mas acima de tudo, vazio de vida. De vida de outros no nosso lugar. Mas seria para mim desolador saber, que naquela escola, hoje, aprenderiam a ler todos os dias, 3 ou 4 ou 5 alunos. Seria desolador por eles. Já nos basta o isolamento do nosso tempo, que combatíamos juntos, uns com os outros. Era difícil e éramos muitos. 5 ou 6 não seriam felizes como nós fomos. Seriam menos do que nós fomos. Mesmo com o mesmo empenho, mesmo com o mesmo amor e dedicação, dos professores que tivemos.

Temos saudade. Claro que temos. Mas não temos vergonha do que fizemos. Cabemo-nos honrar as memórias sem nunca perder de vista (até porque hoje muitos de nós são pais e mães e também cidadãos com visão de futuro além do nosso pequeno e querido quintal) a razão principal do nosso sucesso futuro na grande sociedade que o mundo é: igualdade de oportunidades!

Um dos amigos que aqui esteve, tem responsabilidades directas na decisão difícil de pensar no futuro dos nossos filhos. E responsabilidade acrescida, muito maior que a de todos os outros. Mesmo com as desvantagens, que existem sempre, mesmo com as contrariedades, que se inventam muitas vezes, mesmo até com a incompreensão, mesmo até com alguma falta de visão, falta de atenção às mudanças no mundo...

Essa pessoa sabe o que eu penso da sua decisão.
Eu não gosto de ver a escola onde aprendi a ler, fechada e abandonada, sem representantes de mim. Mas acredito que seria mais grave que estivesse aberta, à custa do isolamento, criando um retardar de vivências, de condições de aprendizagem, adiando a evolução dos nossos, simplesmente porque são poucos, e tal como nós, nasceram numa pequena aldeia, onde não se fabrica nenhuma poção mágica contra a exclusão.

Abençoadas as memórias. São elas que nos mostram o que somos e o que não queremos para o futuro. O que somos, seremos em qualquer lugar.

Obrigado a todos."

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Adeus!


Tenho vivido a insultar o negativismo que eu próprio trouxe para a minha vida. Apesar de tudo, apesar de todas as coisas extraordinárias que me têm acontecido, sem que eu perceba como, sem que eu perceba quando começaram, sem perceber de onde vieram, sem que me lembre qual o livro mexido na estante onde são guardados os segredos do futuro, que abriu todas estas varandas sobre a vida...
Há muito que não penso o quão sortudo eu sou por tudo o que sou, o que tenho, o que me deram, o que me fizeram ver, pensar e viver.

Maldita a depressão que carrego há já tantos dias... tantas horas, tantos segundos, tão longos sussuros para dentro, daqueles suspiros que invento, como se remexer isto em mim fizesse a tristeza desaparecer.

Há momentos na vida que sentimos que tudo muda. E, pelos vistos, não é preciso nenhum acontecimento especial. Basta perceber, basta querer ver, querer viver.

Nestes dias que antecedem o Natal há coisas que mandam em mim mais que aquilo que eu quero. Tem sido sempre assim... acho que desde sempre. E todos os anos coisas novas me chegam e coisas velhas me tentam...
Longe de mim imaginar que o defeito, como tantas vezes me disseram, era meu!
Que culpa tem a tristeza que eu não a largue? Que culpa tem a depressão, se ao abraçar-me de repente, se vê eternamente agarrada por mim, de uma forma tão forte, que até ela própria se sente farta de por aqui andar?

Pois eu decidi deixar a depressão ir embora. E a tristeza vai com ela, pelo mesmo preço... e elas agradecem! Estão cansadas de mim. E eu delas.

Vem aí o Natal dizem... E eu quero ver o Natal chegar com olhos de viver.

Devemos partir então para esta fase de forma positiva e motivada. É meio caminho andado para que tudo corra bem. E depois é não elevar muito as expectativas. O futuro acontece. E vai acontecer certamente.
Porque se quisermos tristeza no Natal, não faltam sítios para olhar, rostos e mãos para observar, pormenores para captar... nem que sejam nas lembranças...
Natal é alegria! - Sempre ouvi dizer... pois acredito!
Natal é alegria.

Olho para a vela alaranjada que "penumbra" o meu quarto lá ao fundo... dirijo-me a ela, aponto-lhe os faróis da memória que perdurará com a minha marca de água, algures no infinito de um sítio.

Um último sopro! O fumo que se liberta no fim contra a minha mão que o ampara...
Digo à tristeza e à depressão - "Adeus castigo!"
Agora fico sozinho... comigo!



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Eu terei perdão!


 Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra quê somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão.

 
Vinicius de Morais