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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Apetecia-me partir!

Apetecia-me escrever mas deitei fora o papel.
Apetecia-me falar mas dentro secou tudo, excepto o fel...
Apetecia-me amar mas destruí o meu jardim, e fiquei por aqui assim, um murcho qualquer, num canto em malmequer, que o Céu não consegue olhar, ou desejar sequer...
Apetecia-me cantar mas a letra desaprendi.
Apetecia-me esvoaçar! Mas para onde? Se me perdi...
Apetecia-me gritar mas não assim! Não de raiva, não de desespero, não na estrada de asfalto sujo, gasto...esfolado em mim! Não na história que não vivi... não na sombra do que já senti!
Apetecia-me andar... mas para quê? Se está tão perto o fim...
Apetecia-me chorar... mas não por ti!
Apetecia-me roubar o sonho que não mais sonhei e que maltratei e que gastei e desbotei nas gotas do meu olhar que ao deitar, ao de leve... eu esqueci!
Apetecia-me sorrir!
Apetecia-me fugir e os meus braços despir, abraçar as fragas que vi carpir... e fechar os olhos, sem medo de não voltar, enrolado num imenso ir...
Apetecia-me adormecer. E lá no fundo do meu sono, os meus erros esquecer!
Apetecia-me... apetecia-me partir!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Amor é cabana

"Amor e uma cabana não existe. Podemos achar que sim, que o amor tudo resolve. Mas eu sei que não. Amor e uma cabana, ganha a cabana!"

De um alto...


De um alto da minha longa viagem vos aviso, vos ensino, vos peço... viajai com a certeza que cada passo em frente vos acrescenta, mas não vos sintais donos do caminho! E que em cada frase por vós proferida ao próximo, não exista por dentro, a convicção de uma única direcção do vento.

Se for assim serei... se me acontecer assim farei... se não gostar assim deixarei... contra tudo e todos irei... se me deixarem sozinho ficarei...

As palavras e os pensamentos, têm o poder de tornar real o seu sentido.
As palavras, uma vez ditas ou pensadas, moldarão para sempre o nosso destino, pois tarde ou cedo o caminho, acabará por usá-las como pedras, grandes ou pequenas, claras ou escuras, contra os pés descalços da nossa viagem.

Não temais dizer, espalhar, incentivar os pensamentos! Da mesma forma, não sejais capazes de não os ouvir, de não os aprender, de não os valorizar! 
A vossa razão é apenas uma, e vós, mesmo fechados nas masmorras da auto-suficiência, não sejais surdos e cegos, julgando que falais sozinhos.

Pois,

de um alto da minha longa viagem vos ensino: 
a diferença entre o farei e o fiz existe!
Dareis, mais tarde ou mais cedo, conta disso!

domingo, 29 de janeiro de 2012

A esperança

"Não sei se felizmente ou infelizmente, e é claro que apenas em alguns casos, eu posso dizer "Eu sei como é!" ou "Eu sei como vai ser!". São coisas que com a vida que levamos acabamos por aprender.

Nem sempre a esperança reina por estes lados. Talvez quase nunca. Mas a vida também me diz para não a perder de vista e que sem ela, não há conquista.
E eu tenho esperança e não a perco de vista! Mas sei como é, sei como vai ser..."

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Que parvos que fomos!



Faz hoje 1 ano que a emocionante interpretação de Ana Bacalhau recordou a todos que "país este em que para ser escravo é preciso estudar!". Como todos sabemos, a verdade existia nesta música e foi usada para múltiplos fins.

A verdade é que essa realidade estava a ser combatida, porque só com mais qualificação e mais formação se pode combater e concorrer num futuro breve no mercado não só nacional mas também mundial.
"Que parva que eu sou" marca um momento de viragem na forma de vermos o país, pois julgo que entre escravo do tempo do "ler, escrever e somar" e escravo no tempo do interpretar, pensar e agir, todos preferem a segunda hipótese. Hoje talvez fosse importante "refundar" a história deste dia e dizer "que país é este onde para ser expulso ou convidado a sair, é preciso votar, saber pensar e não foi preciso ser manipulado para achincalhar, saber interpretar e ainda assim não perceber, poder agir bem e ainda assim, fazê-lo mal".

A realidade marca os dias que todos escolhemos. Mas as armas que temos para enfrentar as nossas próprias escolhas, são hoje mais fortes, tecnologicamente mais avançadas, porque fomos convidados a estudar. Somos e seremos capazes de enfrentar a concorrência do mundo, mas sobretudo seremos capazes, estou certo, de perceber que o poder que nos deram nos últimos anos, e que demos estupidamente aos que esbulham agora as novas gerações, pode ser e será melhor usado, num futuro que começa hoje.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Resposta!

Na 3ª classe, ao contrário de todos os outros, tinha uma dificuldade muito particular. Não conseguia distinguir com clareza, a direita da esquerda.
Quando a professora Teresa perguntava: "Quem sabe a resposta ponha a mão no ar.", eu levantava a minha mão direita porque quase todos assim faziam, mas não percebia por que razão alguns levantavam a esquerda.
Quando me diziam "À tua esquerda!" ficava de tal forma baralhado, que ficava a balançar de um lado para o outro, sem certeza para que lado me virar. Morria de medo e de vergonha que indicassem um caminho desta forma, por não perceber uma coisa que os outros percebiam tão bem...
A professora Teresa, certamente estranhando que um miúdo tão inteligente bloqueasse com uma indicação tão simples, perguntou-me o que eu achava desta dificuldade. Eu disse-lhe com toda a inocência que não percebia a diferença entre esquerda e direita, que os nomes dados não me pareciam correctos, não me pareciam válidos.
Lembro da expressão na cara dela. Era lindíssima a professora Teresa! 
Hoje imagino o que ela terá pensado: "Como explico a um miúdo de 7 anos a teoria da relatividade?"
Naturalmente, arranjou uma estratégia. Ela explicou-me que não tinha que perceber tudo, que naquele ano, em algumas coisas, bastava saber o que é, e não o porquê de ser. 
Queria que eu decorasse, mas eu recusei-me! Não gosto de não perceber as coisas ainda hoje. "Como posso acertar na esquerda ou na direita se não percebo qual é uma e qual é a outra?".
Foi então que aprendi com as palavras dela, um dos maiores ensinamentos da minha vida: "A resposta está sempre connosco! Vês este sinal redondinho na tua mão? Sabes por que razão está aí?" - "Não." - "Mas sabes por que nasceu contigo?" - "Não." - "Nasceu na tua mão esquerda para que saibas sempre qual é a tua mão direita, para que não tenhas medo de responder, para que não tenhas medo de acertar."

Foram muitas as vezes que antes de levantar a mão direita, olhava para as minhas duas mãos à procura do sinal redondinho que existia na esquerda, e assim sabia que a direita só podia ser a outra.

A resposta para as nossa dúvidas, para os nossos medos, para a nossa falta de segurança, está algures em nós, em forma de sinal, em forma de intuição, em forma de anjo, às vezes sem forma alguma, está apenas assim, em nós! 
Mas às vezes precisamos que sejam os outros a descobrir por nós, as respostas que sempre tivemos cá dentro, ainda antes de sabermos as perguntas...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

mão na outra!

Entenderás muito bem se te disser, que 90% dos aplausos a um palco não sucederiam se alguém antes de todos, não tivesse ousado levantar-se, e batido com uma mão na outra!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Destino


Não podemos fugir ao destino...

Com Deus não falo há muitos anos. Acho que ainda não lhe perdoei a culpa que ele não tem.
Mesmo que quisesse, não saberia como lhe falar. É coisa que não sei fazer. Se ele é como dizem, saberá ler os meus pensamentos e saberá a verdade do que sou, independentemente da verdade que eu transmito, ou da verdade que não digo.

Tenho noção que tenho muitas coisas em mim que me vão embaraçar num qualquer dia que o encontre. Mas também sei que sou muito mais que o embaraço. Não me envergonho de ter nascido apenas humano!

"Não te sobreponhas a Deus" - penso. A verdade é que por muito que faças planos, ninguém faz ideia do que será o destino... até porque o destino, definitivo, é aquele que vemos no último segundo de luz, quando olhamos para trás, e nos despedimos do mundo... mais uma vez!

Por isso, eu não fujo. Não digo, não faço, não estou... mas não engano!
O meu destino que existe desde sempre, e este sempre é muito mais sempre que o sempre que conhecemos, não me deixará escapar! (para grande alegria minha)
Mas até lá, e seja o "lá" o tempo que for preciso, é suposto eu ter algo a dizer. Compreendo.
Mau, talvez, seria eu abraçar o caminho que o destino me deu e desperdiçá-lo, não pelo que parece ser um adiamento, mas por aceitar viver o mesmo sem valorizar a grandiosidade do mesmo. É o meu destino. Vou ter que o viver com o que sou e sem que tenha algo a dizer, pelo menos.

Nada do que senti, fiz, escrevi ou sonhei foi ao acaso. Isto é real. Isto sou eu. O mais completo "eu" que conheço. Tudo junto, numa grande roda que gira, que é divertida, que é tonta! Que enjoa, que magoa, que abraça, que prende e que espanta... e que às vezes me "espanta" para fora do previsto!

Preciso de crescer para o merecer. E só se o merecer, é que o quero viver. Embora tenha pouca margem de escolha.

Nem sempre pensei assim pois também fui surpreendido pelo ultrapassar dos limites que eu para mim definia. E só o percebi, porque os limites foram ultrapassados. Mas percebi... é verdade que ainda estou em choque em muitos momentos, sem saber minimamente o que fazer. Mas não tenho dúvidas que o que faço hoje, mesmo a inação, é o maior evoluir que a minha alma teve nos últimos 100 anos. A história não começou ontem, nem hoje, nem no dia do nascimento ou registo do século (já) passado!

"Fugir da Cruz".
Eu posso morrer no abraço da Cruz. Eu desejo morrer na Cruz, se é a cruz o destino. Mas só quando aceitar de coração livre, que a Cruz, não será a minha morte, mas o inicio de uma vida que tenho imaginada por alguém para mim, desde o tempo em que eu não era vida, nem alma.

(Ler Weiss abre muito os horizontes. Ensina-nos acima de tudo, a reconhecer e perdoar a nossa falta de empenho nas vidas anteriores.)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Eu!

#O eu romântico

Ao cair do dia, ou seja a meio da tarde, estarei provavelmente com vontade de mudar de ares. Nesse momento começa o meu acaso ou o meu livre arbítrio. "Vou já ou fico mais um pouco?" será a pergunta que me assaltará. Como o meu livre arbítrio costuma ser ao calhas, talvez nessa hora me veja refém de algo que nunca me largou ou, em alternativa, me sinta suficientemente liberto para acertar na incerteza que o destino me prepara. Talvez o teu fiambre se junte ao queijo que eu sou e talvez, juntos um no outro, nos deixemos envolver na farinha que coze o fechar dos olhos, num combinado que ao derreter os sabores enquanto é mordido pelo fim do desejo, nos atirará no fim os corpos no leito, de um qualquer lugar abrigado, silenciado pelo sono perfeito...

#O eu prático


Ao fim da tarde ligo-te e vamos tomar café. Que dizes?
(O resto é a minha imaginação nos intervalos das palavras que forem ditas)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Como posso?

Queria falar de coisas agradáveis. De coisas boas. Queria falar de amor, de rir, de abraçar... queria falar de mim, do riso rasgado quando não estou assim, do rebolar no brilho do futuro inteiro por descobrir, mas enfim... Não é este o momento se calhar ainda para isso, como posso? Se ainda vivo os reflexos da tristeza nos outros em que vivo, mesmo quando não quero magoar, não quero insistir... na indecisão que significa não querer ir em frente, que aumenta a desilusão de todos em que existo!