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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Se eu fosse jornalista...



Se eu fosse jornalista, e como eu invejo os jornalistas, escreveria sobre os  dias que correm numa espiral de desgraça que afecta os portugueses. Falaria do aumento dos impostos, do aumento do 'spread', do aumento da pobreza, disfarçada e descarada, falaria do governo e do desgoverno que este, maquiavelicamente, fez nascer nas nossas vidas.
Apontaria o dedo, da mão e do pé, esqueceria o código deontológico e libertaria toda a minha raiva desta forma pacífica, que é a escrita!

Para fundamentar o pensamento, arranjaria uma imagem que claramente mostrasse o estado da nação. No título escreveria algo como "os portugueses nunca foram tão pobres como agora!". Sem qualquer outro argumento, apenas a imagem. Porque uma imagem vale por mil palavras, mil argumentos! Faria até comparações com o tempo do regime, ao mesmo tempo que, sem a coerência que a estabilidade financeira proporciona, lembraria os valores de Abril, apesar de ter nascido muito anos depois...

Resistiria ao pensamento de ouvir o outro lado, porque para ouvir o outro lado, muitas vezes, temos que deixar de ouvir o bater dos nossos próprios lamentos, e ao resistir, e à boa maneira portuguesa, encontraria um culpado específico, e por que não o Primeiro Ministro? 

Granjearia leitores em concordância com os meus próprios falhanços de vida, e com estes o meu ego se elevaria, assumiria a vinda do FMI como alternativa, seria ouvido pela maioria, uma classe média esganada, endividada, vencida pela gula de uma boa vida, vista, espreitada, na casa vizinha...

Se eu fosse jornalista, seria tão mau jornalista! E quem me dera ser um bom jornalista! Fazem falta os bons jornalistas!

Quanto à imagem deste texto, mostra apenas uma realidade que não depende das condições do país. Esta imagem que agora vos mostro, já a vi muitas vezes! Antes dos impostos, antes da crise internacional, antes até deste governo.

Esta imagem esconde uma grande tristeza além da tristeza da imagem! Esconde a tristeza de,  como tipo de imagem,  ser usada e abusada, pelos maus jornalistas!

Aos bons jornalistas, aqueles que eu invejo, e esses sabem que o são, o meu sincero Muito Obrigado!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Porque os direitos dos senhores existem...



Esses seres fantásticos, sobre-humanos, ensinam-nos a ver, ensinam-nos a criticar, ensinam-nos a gostar ou desgostar disto ou de aquilo!
De uma maneira geral, disfarçam-se de pessoas normais e a única diferença é uma capacidade fora do vulgar, de observar. Não sei como eles fazem... não sei como conseguiram sequer atingir tal lugar de supremacia. Talvez tenham nascido já assim: supremos!

Facilmente nos "apaixonamos" por seres assim: corajosos nas criticas, incisivos nas opiniões, meticulosos nos detalhes com que nos mostram lados quase tão reais, que nem parecem alternativos, que nos estimulam a ver as pessoas, as ruas, a gente e a gentinha,  de prismas tão vários e tão diferentes.

Enfrentam os poderosos sem medo, contam-nos segredos, decifram os seus enredos...
E fazem-nos felizes num dia, até na espera do dia-a-dia, até à próxima crítica...

Mas hoje em dia, até um cronista tem que fazer mais para o seu leitor, que apenas um texto por semana. Tem que dar a cara, dar o dia, dar o minuto... e é nesse minuto a minuto, que acaba por deixar cair a máscara.
Esses seres poderosos, os cronistas, acabam por deixar cair a armadura, tornam-se reais primeiro, depois banais e por fim, iguais a todos os piores que existem!
A única coisa que mantêm, é a espada! A mesma que matará quem quer que se intrometa não sua ínfima liberdade de expressão, que é apenas sua... que nos matará se, no nosso "não gosto", não escondermos o "não"!
No fundo e afinal, apenas interessa uma opinião, a sua própria opinião!

Não se metam com um cronista de intervenção. Daqueles que abate tudo o que mexe, até o clube do seu coração! Pode parecer que sabe mais do que nós sobre o assunto, mas olhem que não... mas no entanto concordem, gostem... e se não gostarem calem-se! Não chateiem o senhor importante! Porque ele pode deixar de escrever ou de vos deixar ler! E que seria de todos nós, se ele deixasse de escrever ou se não nos deixasse ler?

Afinal os super poderes são de fachada! O seu caracter não vale nada. Os seus interesses são os da "massa", são os da manada, que considera sua e logo ou está  obediente e calada, ou então leva porrada e é desmanchada, desmembrada, anulada!

"Ser cronista é ser mais alto, é ser maior do que homens". E um cronista pode criticar, com ou sem fundamento, com ou sem respeito, tudo e toda a gente. 

Eu enfrentei um cronista super poderoso que admirava. Sem insultos, com argumentos e ideias... Mas afinal como pessoa, ele não prestava!
Enfrentei um cronista que reclama um direito que não existe ou não devia existir. Reclama para si a liberdade de criticar ao mesmo tempo que o direito de não ser criticado!

Caro Joel Neto, o direito é todo teu! E podes manipular o espaço que ocupas, mas não podes manipular o meu!

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ler meias coisas...


Compreendo as meias palavras roubadas para se levantar as pessoas caídas, os sonhos desfeitos... Compreendo e invento e uso frases descontextualizadas, com o objectivo de ajudar, de ajudar-me, de alegrar, para fortalecer, fortalecer-me...
É como se todo um problema, toda uma situação, toda uma dúvida, ficasse de repente resolvida ao deparar-me com algo que foi escrito há muito, ou há pouco, por alguém sábio que sentiu que precisaríamos de alento, precisaríamos do conforto, precisaríamos de um grátis conselho...

Não sou diferente de todos os outros afinal... todos usam, fazem, roubam, fotografam frases simples, mágicas... como se fossemos todos donos de um poder oculto, escondido, que entra em nós em forma de missão, que é "ensinar" os pobres dos outros... escondendo no entanto o texto real, de onde a frase foi extraída... talvez porque o texto não interessa, apenas aquela frase.
E eu compreendo isso... e eu faço isso... para ajudar, ajudar-me!

Mas não compreendo quem usa o mesmo método para magoar, para denegrir, para usurpar dos outros uma verdade que não deixa de ser verdade apenas porque é desconhecida... não compreendo que as pessoas pensem apenas nelas, no que querem, no que desejam, no que acham certo para si próprias, sem qualquer respeito por aquilo que os outros também querem, também desejam, também sofrem... mas ainda compreendo menos que coloquem, através de frases sentidas, (que são mais que um reflexo de grande ignorância), características, feitios, atitudes mal formadas, nos olhos de alguém que não merece esse tipo de frases...
Ignorantes! Sim ignorantes! Porque apenas conhecem a frase e não conhecem a essência, ou pregam a essência mas apenas valorizam o seu próprio desejo não cumprido... ignorantes porque acham, quando querem, que a vida é feita de "Sim" e "Não", quando a vida tem tanto de ambos juntos, e quase nada de nenhum deles separados, no somatório dos encontros e desencontros...
Quanto a mim 'criticador' hoje, apenas lamento os minutos que da minha vida roubo nas tentativas desvalorizadas de parecer aquilo que eu sou verdadeiramente: uma pessoa sem mágoas, sem criticas a fazer aos outros, uma pessoa culpada por teimar em afirmar que as pessoas não têm culpa alguma... porque as pessoas não têm culpa mesmo! As pessoas vêem é a preto e branco e eu é que tenho culpa, de ter nascido a cores!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Intrigam-me... 8 ou 80!


Intrigam-me as decisões de apagar coisas, de partir coisas, de insultar as coisas... de parar com coisas!
Eu próprio já pensei muitas vezes e, em algumas vezes como com este blogue, fiz mesmo esse tipo de coisas.
Parece que ao vedar os acessos, ao eliminar os ficheiros, ao deixarmos de lhes poder aceder, ao impedir que as pessoas as vejam, nos libertamos, rejuvenescemos, aprendemos... e é tão ilusório!

Hoje seria talvez o dia mais improvável para vir aqui escrever sobre o que quer que seja... mas, como quase com tudo na vida, não controlo estas coisas, as minhas coisas, as outras coisas, todas as coisas...

Enfim! Não controlo coisa nenhuma!

Hoje é um dia muito triste. Mas apenas porque chove muito lá fora! Muito mais do que alguma vez me dei conta!

Hoje vim aqui dizer que resisto ainda a eliminar as minhas coisas. 
Posso vedar, posso tirar, posso fazer parecer que não são importantes para mim... mas não as vou eliminar nunca!

Não me custa ver as minhas coisas... os meus erros, os meus afectos, as minhas coisas boas... custa-me mantê-las às vezes... mas depois volto... porque o maior leitor de todos, sou eu próprio!

Agora custa-me ver as minhas palavras olhadas de maneira errada. Custa-me ver as minhas palavras feitas armas de arremesso. Custa-me ver as minhas acções desvalorizadas...

E custam-me e intrigam-me as decisões radicais e definitivas... mesmo aquelas, que eu próprio já tomei, já pensei tomar ou tomarei... decisões do 8 ou 80...

Podemos cortar bem rente o cabelo como forma simbólica de mudança, aliás tipo de atitudes sugeridas por psicólogos. Percebo e recomendo! O cabelo crescerá de novo... Mas não compreendo que se corte a cabeça... isso, não compreendo!