Páginas

terça-feira, 2 de agosto de 2011

sem que mude...


Podia zarpar daqui para fora se tal me acontecesse, sem que eu pensasse se queria... podia ficar e ser feliz se nos meus olhos, com as estradas e as curvas e as casas, não me entrasse pelo peito esta confusão que é viver o presente... o presente que é apenas um segundo seguido de outro segundo e de outro ainda em que fica tudo na mesma... o presente que não larga o que já foi, mas que parece que ainda é o presente do segundo anterior e que projecta aquilo que nunca sequer será possivel, mas que o presente quer...

Talvez! Talvez exista uma forma de não ver o presente. Talvez exista uma forma menos dolorosa que esta: a falência do acreditar no futuro, seja ele qual for... em que segundo for!

Em todos os lados a força me é mostrada. Como se, reflectidos no espelho como viemos ao mundo, surgíssemos perante o mesmo travestidos de imortais, de guerreiros com força, com ideais... com fatos de carne mas acima dos comuns mortais, como todos os tais, que me olham e não me vêem, que passam por mim, olham para o lado, como se eu fosse como algo que não sente, que não chora, que não perde...
Como pode ser frágil assim, o lutador bravo que alguns dos outros em mim vêem?

Paro! Nas letras que aqui deposito, converso comigo próprio... que grande confusão é esta que me sai sem pedir autorização. E que raio de sina nas minhas mãos está gravada, que por muito que as lave, que as esfregue, que as suje, que as feche... não muda, não desaparece!

"Estava escrito!" - sussurro a mim mesmo, e de forma tão clara que pode ser lida a história ao longo dos dias em que aqui coloquei os enigmas. Mas como é possível? Saber que sim, que será assim, descrever como será, e mesmo assim aceitar, nada fazer para mudar, nada fazer para acreditar que tudo podia ser diferente...

Falar de amor... falar de dor... falar de jogar, empatar... mas sobretudo falar de perder!

E que raio de sina é esta a de perder...

Estou farto...

Contudo, olho para as mãos de novo e continuam exactamente da mesma forma. Sei em que ponto estou... e estou exactamente no ponto, em que me dou ao destino lá gravado, sem que mude seja o que for... em qualquer dos meus segundos!

Sem comentários: