A verdade que me saltava dos dedos,
a fuga para um mundo desconhecido,
nascido num eu crescido,
sonhador,
criador,
vivendo o esplendor,
o escrever como quem respira,
numa cantiga,
que arrepia,
sendo brisa...
No coração gravado,
um amor, um fado,
um outro lado,
do meu passado...
Ser a Alice,
num país novo a crescer,
a sentir, a conhecer,
a pessoa
que não fui,
que durante tanto tempo,
eu não quis ser...
eu não quis ser...
Também eu sinto falta do sal
que dos meus poros transpirava
nas manhãs
frias de inverno
que o amor fartava...
Já na altura a falta de tempo,
para saborear,
a doçura do sentimento,
a liberdade de um momento,
tão minuto,
tão
intenso...
O impressionar,
o reinventar de um sorriso,
de um
feitiço...
Estou apenas cansado,
abafado,
fustigado pelos dias longos
que morrem
cedo,
que não percebo,
dos quais recebo curtas histórias,
sem
vitórias...
Também eu sinto falta
da minha glória
na tela nascida em cada acordar,
em cada correr e saltar,
em cada espreguiçar,
em cada deitar...
Estou apenas cansado,
apenas tentado,
a morrer num sono profundo,
enquanto vivo,
enquanto me sinto,
enquanto me dispo,
das vaidades que
não me seduzem,
não me iludem,
não me conduzem
às razões do peito...
Estou apenas cansado,
apenas muito cansado...
27 de Abril de 2010
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