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sexta-feira, 7 de outubro de 2011


 

Não tenho este direito...

Não tenho este direito de propagar o defeito que é ser tão sensível que me torno insensível... Não tenho o direito de amar em meu proveito e magoar-te desta forma íncrivel... não! Não tenho este direito.

Porque quando pensas que a tua história magoa a minha história, quando pensas que o esforço és tu que tens  fazer, que a dor tem que ser tua e só tua, quando pensas que causas a  rotura, quando sentes que não és pura, quando assumes teus os meus erros, assumes teus os meus desencontros, os meus contos, os meus pesadelos... sou eu que espeto no teu peito uma faca que devia estar no meu...

Porque não tenho este direito... não tenho o direito de te magoar as pétalas, de as arrancar uma a uma e de as pisar desta forma...

Porque eu amo quem eu quero e quando eu quero e da forma que eu quero. Porque eu pagarei o preço que tiver que pagar por esta luta, algo injusta, mas que é minha, que quando ta descrevo, sim também é tua! Porque fazes parte dela mas não tens culpa, porque quero que a conheças sem necessitar de lupa, porque te quero dar, o que não posso dar, porque quero de ti, o que não posso ter...

Desculpa! Eu não tenho este direito...

Porque todos os sorrisos desaparecem, no momento em que as tuas lágrimas descem pela tua face escura...
porque a minha face branca, quando não te encanta, entristece, fecha-se sobre si mesma, cheia de amargura... porque é o teu sorriso que a ilumina, são os teus olhos grandes e secos que lhe dão vida.

Não tenho este direito de atormentar a tua vida, não tenho o direito de te afectar os passos, com os meus compassos... de te dar música quando queres silêncio, de te dar letras tristes, em tons desafinados, presos e deprimentes...

Não tenho esse direito... não tenho o direito de carregar em ti o peso que tiraste de mim... não tenho direito de responder à tua forma de amar, com esta forma de estar, de maltratar... não tenho o direito de te dar o meu sorriso, de conquistar o teu, e depois arrancá-lo de ti, como se tivesse sido sempre meu...

Porque gosto de ti... porque preciso de ti... porque esta não é a forma certa de gostar, e se te magoa, então tenho que a matar... para que renasça com a força certa!

Porque os abraços que guardo não são estes que sentiste hoje... os abraços que quero são diferentes, são abraços dados e não trocados ou roubados... são beijos lentos e não cinzentos... beijos do coração...

Porque não te quero nunca perder...  Porque não quero que desejes perder-me...

Porque todas as nossas letras não serão nunca esquecidas, serão lidas e relidas, para que o seu significado prevaleça, para que a música que te toco todos os dias, esteja pronta, seja tua, como foi desde o início... para que os nossos joelhos se encontrem de novo debaixo de um qualquer mesa, para que as minhas mãos encontrem as tuas, sem o peso das feridas que hoje nelas marquei, e que na tua parte do meu rosto, encontre a alegria que vi transbordar pela minha presença, pela minha visita...

Perguntaste um dia se merecias isto tudo.... merecias muito mais do que isto que sentiste hoje certamente...
Será que eu mereço tudo o que me deste? Se calhar não... não porque tenha nascido já sem esse merecimento, mas porque conquistei-o e depois desperdicei-o... talvez porque não te querendo nunca iludir, desiludi-te na mesma...

Espero que me perdoes as coisas que fiz e que te fizeram mal... espero que recordes as coisas boas que te dei, que foram sempre tuas e eu não sabia, as coisas que nunca foram de ninguém...

Espero que me convides a respirar o teu ar, que me convides a olhar o teu olhar, que me convides um dia para qualquer coisa, até para em silêncio ver o mar...

Espero que vivas, que sorrias, que ames com todas as tuas forças... porque uma flor precisa de amor e precisa de amar... e este é o momento em que tens a oportunidade para o fazer, a oportunidade de ser verdadeiramente amada, a oportunidade de veres nascer de ti uma vida, uma nova vida, uma nova flor, uma nova luz, um novo dia...
Eu aqui fechado... estarei apenas à espera que precises de mim de novo... para um sorriso, para uma visita ao nevoeiro, para um beijo no escuro, para uma conversa em silêncio, para o que quiseres... desde que te faça feliz... 

Mas não posso continuar a escrever, sabendo que o que sinto e o que te transmito, anula o teu riso, alimenta o teu pranto e aumenta por mim o teu desencanto.

Adoro-te. Tu sabes.

(21 de Dezembro de 2009)

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