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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Despedidas...

Não as compreendo, não as aceito… sinceramente, não as suporto!


Na minha vida muitas despedidas ficaram por fazer… não tive oportunidade para as fazer, para que as fizessem… A morte da minha mãe foi a despedida não feita que nunca ultrapassei… nunca me despedi dela, mesmo depois de crescer tanto como cresci, mesmo depois de perceber já em adulto, que tinha que lhe dizer adeus. A morte do meu pai que, cheguei na minha adolescência revoltada e pautada pela raiva mal direccionada a desejar, foi outra que ainda hoje não aceito fazer… para mim não morreram… eu é que morri por dentro naqueles dias, embora na altura não tivesse percebido.

Muitas vezes aconselho que se devem despedir muitas vezes, mesmo que para dentro, que devem sentir os segundos dos mais amados como se fossem os últimos, porque um dia não existirá mais hipótese de ter saudade, na presença deles.
(...)
Muitas vezes usei a minha história para, parecendo crescido, ajudar as pessoas a valorizar o que têm. 

Mas a verdade, é que não deixei de ser criança. Parei naquele tempo em que a minha vida era comandada por eles. Parei de crescer naqueles dias em que, mal ou bem, de boa vontade ou contrariado, seguia o caminho que eles me indicavam. Ninguém consegue crescer sozinho… e eu não cresci, fiquei eternamente aprisionado num labirinto que é a minha vida, do qual não tenho qualquer referência, qualquer ponto de encontro.

Muitas vezes penso que Deus podia ter-me avisado do fim do meu crescimento… Se Deus o tivesse feito, eu teria sorrido para eles no dia anterior, teria suportado as suas imposições, que hoje sei, eram apenas trilhos, caminhos, indicações…

Se Deus me tivesse avisado, podia ter decidido ir com eles, podia ter escrito uma carta, podia ter copiado frases de um livro, e poderia ter-lhes dito o quanto gostava deles, o quanto precisava deles… se Deus me tivesse avisado, talvez não me sentisse já tão cansado, tão ultrapassado pelo tempo, pelo sentimento de, não uma, mas duas despedidas adiadas, eternamente...

Mas a vida é mesmo um labirinto… 

Ninguém imagina o que significam estas palavras…


Há 1 ano

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