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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Eu sei e tu não sabes...


É um mundo curioso este... aquele se repete nas gerações. Mudam-se os gadgets, mudam-se as formas, mudam-se as normas, mudam-se as mentes, e no entanto, não se valoriza o passado. Como se tivéssemos nascido assim, como achamos que somos, espertos e bonitos, supra-sumos do entendimento...

Vivemos dias em que todos sabem mais que todos e ninguém ouve ninguém... são seres inferiores os outros, quaisquer dos outros, porque só nos puxam para baixo, porque não entendem a nossa superioridade...

Incomoda-me isto... isto que também eu penso, do alto da minha supra-vivência, isto que só eu sei, que só eu poderei saber...
Os outros? Quem são os outros para nos impedir de acreditar no que pensamos, no que queremos?

Pois, os outros são os nossos pais por exemplo! Que quando nos dizem "não vás por aí!", que quando nos dizem "Espera que não é o momento!", que nos dizem "Eu já vivi muito, segue o meu conselho...", nós desvalorizamos! E nós, do alto da nossa imensa sabedoria, apenas acatamos porque não temos outra solução, não temos outra opção que não baixar os olhos, contrariados, lixados, perante uma opinião honesta de quem gosta de nós... d-e-s-v-a-l-o-r-i-z-a-m-o-s... ou melhor, até valorizamos mas só quando nos apoiam por amor, nas loucuras que fizemos, que faremos... no resto, naquilo que nos contraria, o mais importante (aprenderemos com o tempo), não!

Mas a verdade é que, achamos que sabemos tudo! E achamos que temos a capacidade enorme de nos substituirmos aos outros, quando do alto da nossa imensa sabedoria (e inatas especialidades), vociferamos os caminhos que eles devem percorrer, ignorando no entanto, os caminhos que os nossos antecessores, nos indicam como melhores destinos.

Na minha vida tenho feito muitas maldades e tenho desvalorizado muitas pessoas, muitas opiniões, muitos caminhos... mas com toda a certeza, apenas aquelas que me chegam de quem ainda não viveu o que eu vivi... e quando me dizem "Esse não é o caminho!" eu apenas posso sorrir e pensar para mim mesmo "O que é que tu sabes do meu caminho, se nunca o viveste? Ouviste de alguém que já viveu mais do que tu? Deste-lhe atenção?" e termino com um "Não me parece!... tu ainda não!"

Ignoramos a ajuda, gratuita, que os nossos mais velhos adoradores dão, mas sentimo-nos no direito de impor aos outros, os caminhos que nós achamos que eles devem percorrer, numa vida que nós ainda não vivemos...
É confuso eu sei! Tempos modernos...

Tratamos mal sem tratar, as únicas pessoas em quem podemos confiar o destino das nossas vidas, porque o fazem sem qualquer interesse que não o nosso, ignorando que também elas agora casadas, foram antes solteiras, elas agora seguras dos caminhos, também sofreram as torturas da dúvida, elas agora mais calmas nas acções, também foram em tempos, menos inibidas nas más decisões...

Vivemos num mundo curioso... quando eu que sei tudo isto, e aos meus pais não sigo porque já não os tenho, (e seguiria mesmo os seus conselhos?) e mesmo assim cometo os erros...
Vivemos num mundo curioso quando procuro nos mais velhos, a sabedoria que me permite um melhor avançar, enquanto aos mais novos sem os maltratar, faço um sorriso e penso: "Tu não fazes ideia do que estás a falar..."

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