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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Resposta!

Na 3ª classe, ao contrário de todos os outros, tinha uma dificuldade muito particular. Não conseguia distinguir com clareza, a direita da esquerda.
Quando a professora Teresa perguntava: "Quem sabe a resposta ponha a mão no ar.", eu levantava a minha mão direita porque quase todos assim faziam, mas não percebia por que razão alguns levantavam a esquerda.
Quando me diziam "À tua esquerda!" ficava de tal forma baralhado, que ficava a balançar de um lado para o outro, sem certeza para que lado me virar. Morria de medo e de vergonha que indicassem um caminho desta forma, por não perceber uma coisa que os outros percebiam tão bem...
A professora Teresa, certamente estranhando que um miúdo tão inteligente bloqueasse com uma indicação tão simples, perguntou-me o que eu achava desta dificuldade. Eu disse-lhe com toda a inocência que não percebia a diferença entre esquerda e direita, que os nomes dados não me pareciam correctos, não me pareciam válidos.
Lembro da expressão na cara dela. Era lindíssima a professora Teresa! 
Hoje imagino o que ela terá pensado: "Como explico a um miúdo de 7 anos a teoria da relatividade?"
Naturalmente, arranjou uma estratégia. Ela explicou-me que não tinha que perceber tudo, que naquele ano, em algumas coisas, bastava saber o que é, e não o porquê de ser. 
Queria que eu decorasse, mas eu recusei-me! Não gosto de não perceber as coisas ainda hoje. "Como posso acertar na esquerda ou na direita se não percebo qual é uma e qual é a outra?".
Foi então que aprendi com as palavras dela, um dos maiores ensinamentos da minha vida: "A resposta está sempre connosco! Vês este sinal redondinho na tua mão? Sabes por que razão está aí?" - "Não." - "Mas sabes por que nasceu contigo?" - "Não." - "Nasceu na tua mão esquerda para que saibas sempre qual é a tua mão direita, para que não tenhas medo de responder, para que não tenhas medo de acertar."

Foram muitas as vezes que antes de levantar a mão direita, olhava para as minhas duas mãos à procura do sinal redondinho que existia na esquerda, e assim sabia que a direita só podia ser a outra.

A resposta para as nossa dúvidas, para os nossos medos, para a nossa falta de segurança, está algures em nós, em forma de sinal, em forma de intuição, em forma de anjo, às vezes sem forma alguma, está apenas assim, em nós! 
Mas às vezes precisamos que sejam os outros a descobrir por nós, as respostas que sempre tivemos cá dentro, ainda antes de sabermos as perguntas...

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