Frequentemente, dou comigo a classificar a minha vida como previsível, o meu dia-a-dia como monótono, apesar de tanta azáfama!
Sei que é melhor do que podia ser, pois tento em cada curva que paro ou que não paro, deixar um pouco de mim para que alguém apanhe... e me devolva mais tarde, a dobrar na minha memória, as vidas em que existi!
Mas as certezas
que esta viagem de cruzeiro me permitem conquistar, com este ar salgado
que se acumula nos meus traços ao longo do caminho, de repente, caem como um castelo de cartas,
como um castelo de areias finas e secas, naquele fatídico momento, em
que um primeiro vir de uma onda lhe atinge as bases, e ao ir vitoriosa,
dá lugar a outra, que regressa com ainda mais força, e com a certeza,
que as muralhas rígidas que construí com tanto esforço, com tanto afinco
e sacrifício, não resistirão mais um segundo sequer...
Frequentemente,
tenho que reconstruir o meu castelo... umas vezes fica mais danificado
que outras... e enquanto me ergo, anseio que os grãos que de mim as ondas levam, voltem com saudades minhas tão grandes, como as saudades que deles, cá ficaram ...
E assim resisto, reconstruo, de novo e de novo e de novo... até
que as minhas mãos gastas não consigam mais segurar as areias, até que
eu próprio seja arrastado para longe dos meus sonhos belos, até que eu
próprio perca as saudades, dos meus castelos...
11 de Junho de 2010
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