Combater a erosão
7 de novembro de 2010
"As lágrimas percorrem as encostas gastas dos meus sentimentos e provocam aquela dor aguda, a quem tenta resistir à erosão das passagens... Elas levam de mim, não sei bem para onde, as pequenas arestas que me fazem acreditar que é possível desviar o curso, ou pelo menos condicionar o percurso, atrasar a viagem e sossegar numa miragem, um esquecido sorrir da alma...
(...)
Enquanto isso, agarro-me às margens paradas e seguras, fortes e escuras, de quem não conhece o lavar das águas, o ultrapassar das barragens, o respirar suspenso nas profundezas das minhas viagens.
D e s i s t i r parece a palavra de ordem, como se de facto, nos coubesse a liberdade de incluir ou não no caminho, os traçados mais seguros, mais doces, mais refinados, mais completos, mais belos, mais sortudos...
Tudo isto apenas pensamentos absurdos, dado que, por muito mais vezes, que aquelas que consigo lembrar, a própria classificação de a c a b a d o, acabou riscado na forma de ump r e s e n t e, que não fazia parte do anterior f u t u r o!
A s s u n t o A r r u m a d o pensamos, como se fossem assim resolvidas as questões da existência, como se fossem reduzidas a uma insistência, a uma teimosia mais ou menos explorada, tentada, espalhada ao longo dos dias, as arestas, as encostas, as paisagens da nossa vida.
O carimbo colocado numa janela, num qualquer projecto de vida, num sonho interrompido, num qualquer brilho de verão que agora enfrenta o inverno, pode no máximo ser o de s u s p e n s o, o tema perdido, aborrecido, infeliz no momento...
Eu sei... claro que sei... mas enquanto isso, as lágrimas percorrem as encostas gastas dos meus sentimentos..."
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