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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Razão


É verdade! Aborrece-me que pareça que decida com a cabeça no ar, quando uma decisão é baseada em milhares de coisas escritas, vistas, pensadas, olhadas ao mais ínfimo pormenor...

Preso por ter cão e por não ter!

Eu não decido com a cabeça no ar... não vivo numa bolha de ar, de sabão...
Tenho um coração e uma cabeça e sigo ambos, tentando um acordo, por entre algum descontrolo é certo, e depois decido.
Tudo o que o meu coração deseja, passa mais tarde ou mais cedo pela minha cabeça. Não existe uma sobreposição de um ao outro, apenas uma intensa negociação, até que seja eleito um caminho, até que exista fumo branco, que aparece pujante, entre um clarão.

Por vezes é muito difícil lidar com os dois. Mas nenhum deles critica, condena ou tem que dizer do outro. Se o coração exige, a cabeça dá tempo, estabelece limites, define prazos e deixa que o coração vá sentido... até ao dia da decisão.

Se a cabeça decide, e o coração se queixa, a cabeça arranja caminhos, dá tempo para que lide com os afectos, os torne sãos... dá até oportunidade para que o coração imponha recurso, que possa até fomentar nova decisão...

Se a cabeça segue e o coração quebra, é definida uma estratégia para que o coração não se perca, olhe em frente, e cresça...

Umas vezes ganha um, muitas ganha o outro... eles confiam um no outro... e um não vive sem o outro.
Os pressupostos foram cumpridos, os prazos definidos, os amores foram sentidos... 
os tempos para compensação foram cedidos.
Desta vez ganhou a razão!
Talvez por isso, este texto não seja escrito como outros, com muito coração...

Talvez por isso hoje tenha a certeza, matematicamente comprovada, que no fim dos dias não existirá qualquer tristeza, antes um sorriso último entre ambos, tão ou mais sincero, tão ou mais bonito que o primeiro, aquele que me aqueceu a vida, quando em mim na altura, parecia não existir qualquer contrapartida, pensada ou sentida, qualquer trajecto, qualquer saída...

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