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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Finados

Não gosto deste dia... não gosto dos dias anteriores, dos dias posteriores.


Não me deixa triste, ou em baixo, depressivo... afinal de contas já passei a barreira dos trinta e existem coisas que acabam por ficar bem cimentadas em nós. O que é certo, é que me sinto estranho, aborrecido, chateado até, sem saber muito bem como lidar, levanto a cabeça, mas não sei como viver... os minutos são tão longos que me sufocam.


Apenas por curiosidade, comprei e li de uma vez, o livro do António Feio - um livro muito bom que nos faz pensar muito, que nos faz chorar por dentro, e que, no fim, nos faz rir e festejar a vida - o que também acaba por acentuar este desconforto, apesar do conforto final de acreditar (inocentemente) que um livro, uma história, pode mudar-nos a vida... existem coincidências que são dificeis de perceber.


Hoje que já passou, sinto-me um pouco melhor... no entanto, aqui estou a escrever sobre isto!


Faltam-me coisas. Tantas coisas. Talvez por isso, na forma como preencho o tempo imenso, acabe por fazer o que fiz, sem me lembrar bem por que o fiz... talvez por isso tire fotografias, que no meio de tantas aleatóriamente guardadas, acabam por me mostrar tanto daquilo que eu não tenho... uma linha de comboio, um coração entre feijões, um computador entre plantas, uma estrada feita com os feijões, do coração...


Vão sendo assim os meus dias... as minhas vidas... as minhas múltiplas personalidades...


Lamento apenas, que no meio de tantas coisas, não seja possível fotografar, nem mesmo imaginar como seria, o meu sorriso, além daquele que fiz e guardei, no meio dos meus feijões.








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