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sábado, 17 de dezembro de 2011

Um momento... muito mais que um dia!

Mais um ano que parece querer findar, sem que alguém me pergunte se eu quero.
É claro que a linha por onde a vida nos leva, raramente nos avisa que o tempo, qual tic-tac na mesinha de cabeceira, está a passar e que cada passo, se torna portanto, único em cada lugar.

Às vezes, somos enganados pelo tempo próprio que achamos que temos, e andamos em circulos mais ou menos definidos, parecendo que para lado nenhum estamos a andar, quando na verdade, qual movimento da rotação da terra, estamos tão entretidos nas voltas que a nossa cabeça, que o nosso coração definem, que nos passa despercebido que o tempo raramente chega para estar, para ficar, e que não pára, como tantas vezes julgamos.
Ele leva-nos nele próprio. Estamos a ir... mesmo quando queremos ficar.
Não há velocidade mais estável que a do tempo.

Nas viagens no lugar do passageiro, quando olho a vidraça e vejo a paisagem que se desfoca em linhas para trás, é quando mais me apercebo que o tempo apenas pára dentro de nós, e por momentos, para lembrar o que fomos, o que somos, de onde viemos e para onde achamos que queremos ir. Esse é o único momento em que o tempo pára. Bom, existem também os sonhos, quando parados, deitados, mergulhados estamos no silêncio, e como parece que a cama não vai para lado nenhum, imaginamos o amanhã depois de hoje, ou o ontem com o que saberemos amanhã! Tudo o resto são momentos em movimento, que não param... mas alguns ficam!

Tudo o resto são momentos que passam e que nada deixam. Poucos são os momentos que marcam para sempre um determinado tempo, momentos que reservamos dentro, para recordar quando for tempo, de preencher um outro momento, reservado para isso mais à frente, no tempo...

... e é nestes momentos depois dos momentos, que sabemos que a vida não se repete... há momentos que são únicos e que ficam na memória para sempre, independentemente da forma como olhamos agora ou na altura o mundo, depois dos mesmos. E esses momentos, são de tal maneira intensos, que ficam guardados em nós, não como partes de um dia, mas como um dia inteiro, como se aquele dia fosse apenas um momento.

Não há confusão possivel entre o que fica e o que desaparece... e o que fica é grandioso. Mesmo que não seja propriamente bom de guardar dentro de nós. Não são todos bons os momentos marcados definitivamente em nós.
O que fica nunca mais desaparece, vai-me acompanhar durante toda a vida.

A vida é o conjunto desses momentos: os grandiosos! Os bons e os maus. Os outros, são apenas virgulas nos textos. Ajudam a dar o movimento certo, mas não acrescentam ou retiram, qualquer força dos momentos grandes na vida.

E quando penso que faria tudo de novo, que viveria tudo outra vez, apesar das consequências, é porque vivi o que era suposto viver. É claro que não teria bem outro remédio. Raramente temos influência na nossa vida, tal como nos sonhos, tal como nas vírgulas... talvez esteja contente com os momentos que a vida me deu, ou talvez esteja apenas alegre ou parvo...

Escolho, nem sempre ao acaso, um momento, que inevitavelmente me aparece na memória como um dia! Orgulho-me desse dia. Orgulho-me dessa chuva sentida, orgulho-me da ideia pouco criativa de seguir o instinto, de ter seguido o que sinto...orgulho da tristeza, do soluço, do riso que deixei que vissem, do sorriso que não deixei que me escondessem!

O detalhe que existe numa memória é diferente de uma fotografia. Tem cheiro, tem toque, tem alma... antes todos os dias fossem feitos de lembranças dos dias idos, tão detalhadamente gravados, tão fortemente vividos. Não como uma fotografia... mas muito mais! Até cego reviver conseguiria! É esse o poder das marcas da vida em apenas um momento. O tal momento, que mais tarde, nos parece muito mais que um dia!

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