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terça-feira, 18 de outubro de 2011

no centro do meio do nada!

Talvez nada seja mais natural, que me envolver num meio rural, e de lá, gritar palavras obscenas à sociedade. Afinal de contas, ninguém me ouvirá, ninguém me julgará, ninguém sequer me lembrará.

Por vezes, olho da minha janela a rua que há tanto tempo não passa, e finjo gostar deste lugar. Outras, lá mesmo no centro do meio, onde pouso os meus olhos e imagino as paredes com coisas penduradas, minhas e de outros, tento o sorriso de encanto pela mudança radical mas inevitável, que qualquer viagem sentado no vento me trouxe. 
Afinal, fui eu que escolhi...

Mas dói um pouco... e às vezes outro tanto, esteja eu neste lugar ou no outro. É como se, de repente, nunca aqui estivesse estado, e ao mesmo tempo, nunca estivesse estado como aqui estive, em mais
nenhum lado.

Resta-me ir mais uma vez... resta-me entrar nas portas novas que eu próprio abro, que eu próprio limpo, que eu próprio encosto. E de cada vez que lá for, até ao ir definitivo, tentar aceitar que é lá agora que eu moro, que é lá agora que eu choro, que é lá agora que vou encontrar uma das formas de liberdade: a solidão!
 
Parei a escrita sentida, mas não a pensada... 
Desliguei agora o meu frigorífico, e é impressionante o simbolismo que para mim representa... é quase como quando se apaga lentamente uma vela...
Está desligado o meu frigorífico, e agora descongela...

Sei que é apenas mais um sitio... um outro sitio onde nunca estive, um outro sitio onde parecerá depois que estive sempre, é mais um sitio exactamente no centro do meio... exactamente no centro do meio do nada!

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