Páginas

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Apenas por isso


...não há nada como quando são as palavras que mandam em nós... e não o contrário...
Eu estou a interiorizar a minha condição. A tristeza que senti deu-me alguma trégua, e agora preocupam-me apenas os aspectos mais materiais da mudança.

Com o meu coração eu vou lidando, mas com o mundo é mais difícil.

Procuro a motivação e energia em tantas coisas...

Todo o meu novo trajecto apenas agora começou e muitos dias duros, de coisas duras e de sentimentos maus, ainda vão surgir... mas neste momento, estou a dar tréguas a mim próprio...
Estou a absorver as despedidas... nem tudo nas despedidas tem que ser triste... é isso que estou a fazer agora.
E é tão difícil decidir fazer, começar a fazer... que coisas serão mesmo minhas... quais quero e não quero...
Não me assusta muito isto da perda de qualidade de vida, que não sendo nada de extraordinária, fica mais complicada agora... 
Assusta-me não fazer ideia de para onde vou... que contas farei e como farei para lhes fazer face...
Assusta-me cair naquele sentimento que já tive de não querer, ao fim do dia, voltar para casa... pois as rotinas, os espaços... já não estão lá!

Também me apoquenta isto de nada ser definitivo... nunca fecho portas dentro de mim... é assustador pensar que é mesmo o fim de tantas coisas...

As pessoas... sim as pessoas... aquelas a quem chamo (por dentro) de mãe e pai e irmãos... que, inevitavelmente, deixarei de ver... assustam-me as perguntas dos meus sobrinhos, quando as fizerem...

Assusta-me que as memórias de tantos anos e de tantas dificuldades, deixem de me fazer sorrir pelo que foi possível ultrapassar, e que me passem a atormentar, como momentos de uma história que já não existe... pois não se pode repetir.

Muitas vezes penso nisso... enterrar tudo! Deitar-lhe o fogo e virar costas... mas, como deitas fogo às tuas memórias? Aos pedaços de ti, que mais que nunca, não são nem foram, só teus?

Por outro lado, percebo que por mim, continuaria assim, rendido a um destino que influencio mas não o suficiente, e para o qual não consigo já acrescentar felicidade...
 
É corajosa ela... pois na certeza que nas decisões coloca, não esquece nenhum principio... 

Talvez se case rapidamente com qualquer outro... iludida que será pelo passar dos anos... ou talvez fique assim, mergulhada na capacidade imensa que tem de viver sozinha e independente...

Escolhi-a para mãe dos filhos que nunca tive... Entristece-me...

Farei tudo para negar a revolta que sinto por ser descartado, merecidamente descartado, e farei tudo para estar à altura do que ela sempre foi para mim...

Por isso é tão difícil... apenas por isso!

(1 de Maio de 2011)

1 comentário:

sem nome disse...

Tens que ter FORÇA E ANIMO.