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quinta-feira, 17 de março de 2011

Gostar à pressa!


Há muito que não escrevo algo de novo. De verdadeiramente novo. Não sei o que provoca estes altos e baixos nas coisas... antes escrevia muito mais. Antes gostava muito do que escrevia, antes achava bom pelo menos o texto, mesmo que o assunto fosse pautado pela mágoa, pelas coisas tristes da vida...

Na verdade, quero impor a mim próprio novas formas de viver. Esgotei esta formula de excessos... excessos na escrita, excessos na fotografia, excessos no trabalho, excesso nos sentimentos...

Nunca o 8 ou 80 me assentou tão bem, e concordo com a leitura, objectivamente, negativa!

Antes chegava mesmo a pensar, que na impossibilidade de uma perfeição que ninguém atinge, eram bons todos estes contornos que me marcam, porque de planícies não queria ver a minha vida cheia... afinal de contas, sou de trás-os-montes... e todos esses altos e baixos dos meus defeitos, eram a forma perfeita de eu ser... uma dura e longa, mas proveitosa viagem, pelas encostas dos montes...

Mas sinto-me uma nulidade agora! Um electrocardiograma de um corpo morto. Solto apenas um piiii monocórdico numa linha plana, que indica aos outros uma coisa clara: "Aqui já não mora vida, já não mora nada!"

Lutei imenso contra isto sem perceber muito bem o que teria que fazer. Tornei-me dependente de tudo e todos, dos sim e não, dos gosto e dos comento ou não comento, que imaginava existir nas vidas de uma legião de seguidores... nada mais falso! 
Necessitava tanto, mas tanto, do valor temporário que em mim nascia, em cada demonstração de agrado, por uma qualquer coisa feita, fotografada, cantada, dita, que depressa desvalorizava o motivo, para valorizar o impacto, a avaliação, o agrado ou o castigo!

Mas tudo acaba por ir por onde tem de ir... não sei se esta entrega numa linha plana, fará diferença algum dia... Sabemos que a nossa memória após a partida, sobrevive 5 dias e nem mais um dia, e que o mundo continua, quiçá até melhor, agora que não exijo dele contrapartida por esta fobia, de me sentir só no fim da vida...

Pela primeira vez, resisti à importância que aos outros dou. Não gosto de mim o suficiente ainda, como podia? Mas este passo, com tons de drama que só eu vivi, servirão para isso mesmo, para gostar de mim!

Não é uma questão do que é melhor ou pior, para mim ou para as pessoas que gostam ou desgostam de mim, é uma questão mesmo de sobrevivência, de acabar com uma decadência, que não tem mais para onde ir.

Hoje foi estranho não cumprir com o ritual dos dias anteriores. Escolher as fotos do dia, colocá-las nos álbuns respectivos, com a legenda bem escolhida, e esperar pelos gostos, da maioria.

Hoje nem fotos tinha para colocar, para mostrar, para eu próprio tentar gostar.

Pela manhã tirei uma (a que está no topo deste texto) e esta, parece diferente das outras. Não sei se é bom ou mau ver desta forma, mas esta não foi cortada, aumentada, "afinada"... está tal e qual como saiu da máquina, e até o fundo negro que a rodeia, é verdadeiro...

Nada é à toa nesta vida!

É a minha flor... a minha flor verdadeira! Aquela flor que é, como eu queria que ela fosse.

Alguém gostará dela? 

Não sei! Não me interessa...

Eu gosto! E não vou gostar de novo, tanto à pressa!

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