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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

órgãos acabados em 'ões'


Não são mais que ondas de choque isto que sinto, que me faz balançar entre o imaginado e o visto, à medida que as horas passam e não param, nas razões do meu esquecimento...
Talvez hoje perceba melhor o fim, e tudo o que, sem dúvida, mágoa ou arrependimento eu vivi. Pois entre o piscar de olhos, às vezes inconsequente, outras vezes penoso e dormente, vai aparecendo, revestido de alguma serenidade, o sorriso que ao longo dos anos perdi...
Não sei classificar, a maior parte das vezes, as sementes que dentro de mim crescem, assim como não sei muito bem distinguir, quais darão frutos, quais darão sustos... na verdade, nada disso me importa, assusta ou apoquenta... será tudo como for! Faz-me lembrar viagens de bicicleta sem travões, em que nada me restava que desviar de portões, de paredões, de multidões e cuja única preocupação na altura, era safar-me o mais possível, das dores prováveis em órgãos acabados em 'ões'...
Consegui muitas vezes chegar ao fim da encosta, e ao endireitar da via, abrandar, com o coração já a engasgar, encostar e observar o feito, com 'aquele' calor no peito. Outras... bem outras acabei por cair, e com isso permiti que as marcas do desafio fizessem parte para sempre de mim, como que palavras soltas gravadas na pele, cicatrizes, que de quando em vez, me lembram "eu sobrevivi!"

E é isso que vejo hoje! Sobrevivi! Aprendi! Sinto ainda 'aquele' calor no peito... Olho para trás e penso: "Para a próxima, serei melhor, serei mais esperto, serei mais audaz... e quiçá estarei mais perto, de descer a encosta no tempo e ritmo certo, e nesse dia sem arranhões, dores ou empurrões, dizer finalmente, eu fui perfeito!"

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